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Barco ignora risco e viaja no escuro para fugir de fiscal
11/05/2008 - Kátia Brasil - Agência Folha

Cruzar os rios da Amazônia em barcos que ligam as cidades ribeirinhas é viver sob risco de naufrágio. Imprudentes, donos das embarcações driblam a fiscalização da Marinha com conivência de passageiros. Quem ousa reclamar perde o direito de seguir viagem.

No domingo passado, um barco superlotado e em situação irregular naufragou no rio Solimões, em Manacapuru (84 km a oeste de Manaus). Até ontem à tarde, 46 corpos de vítimas haviam sido resgatados. Dez pessoas ainda estariam desaparecidas.

Para verificar as condições dessas viagens, a reportagem tomou um barco em Manaus na última quinta-feira. O destino: Manacapuru, a cidade do acidente de domingo. Sete horas rio Solimões acima separavam os municípios.


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O trajeto começa no maior porto irregular do Amazonas, as escadarias da avenida Manaus Moderna. Às margens do rio Negro, camelôs, carregadores, comerciantes de passagens e pescadores dividem espaço em um ambiente poluído.

A repórter e o repórter-fotográfico compram, por R$ 15 cada um, bilhetes para o percurso na embarcação Capitão Antônio. Com dois andares em madeira, o barco é semelhante ao acidentado no Solimões, o Comandante Sales.

Com início marcado para 17h, a viagem só começou às 18h15, quando duas lanchas da Marinha finalizaram o expediente. ¨As baratinhas [lanchas da Marinha] estão ali, vamos esperar um pouco¨, disse um passageiro a Argemiro Auzier, 63, o comandante do Capitão Antônio.

Sem lista de passageiros

Dentro do barco, com capacidade para 60 pessoas, outra irregularidade é notada logo no início da viagem: não havia lista dos 22 passageiros, que se acomodavam em redes atadas aos conveses.

O mesmo ocorreu com a embarcação Comandante Sales, daí a dificuldade de precisar o número de desaparecidos até agora.

Com cinco tripulantes e um cachorro, o Capitão Antônio tem apenas um banheiro, fétido. Carregava oito toneladas de mercadorias (abaixo da capacidade máxima, de 20 toneladas) entre alimentos e materiais de construção. Os salva-vidas, fabricados em 2003, estavam vencidos, sem apitos e rasgados.

Mesmo antes de desatracar, Auzier e o dono do barco, Antônio Macena, questionaram a Folha sobre o objetivo da reportagem. Preocupados, diziam não querer ¨problemas com a Marinha¨.

O comandante, único a conceder entrevista, disse que o barco estava em situação legal. Afirmou conhecer bem ¨99% dos rios do Amazonas¨. Para ele, acidentes como o de domingo passado só ocorrem por ¨imprudência do comandante, bebida e problemas no motor¨.

Durante o percurso, os procedimentos não foram o de uma viagem regular.

No escuro

Logo que escureceu, Macena mandou apagar as luzes do barco. O repórter-fotográfico acendeu uma lâmpada no convés superior, rapidamente desligada por outro passageiro.

No breu do rio Solimões, o barco fica quase invisível aos olhos dos fiscais. Até Manacapuru, o Capitão Antônio percorreu vilas, ultrapassou dezenas de embarcações, enfrentou ondas provocadas por outros barcos, bancos de areia e remoinhos sem acender as luzes dos conveses.

A única parada foi em Iranduba (25 km de Manaus), às 21h, para compra de gás, cervejas e refrigerantes em um porto flutuante.

A maior parte dos passageiros eram parentes da autônoma Waldilene da Silva, 29, que seguiam para uma festa em Caapiranga. Com exceção de duas adolescentes no grupo de 12 pessoas, todos bebiam sem parar ao som do brega, gênero popular no Norte do país. ¨Conhecemos o dono do barco e nos sentimos seguros¨, disse Waldilene.

Por volta da 1h30, o barco atracou em Manacapuru. Não havia qualquer fiscalização da Marinha. A reportagem desceu no porto.

Nas paredes do Capitão Antônio, sem informações sobre a empresa dona do barco ou dados sobre lotação, apenas uma placa com a frase: ¨Deus abençoe quem entra nesse barco, proteja quem fica e leva em paz quem sai¨.

  

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