Para Odebrecht, usina trabalhou acima da capacidade 25/09/2008
- BBC
Empreiteira brasileira responsabiliza Equador por falhas na central elétrica.
A construtora brasileira Odebrecht afirmou nesta quarta-feira que, durante seu primeiro ano de funcionamento, a usina hidrelétrica San Francisco operou, sob a responsabilidade do governo do Equador, com capacidade superior à que havia sido projetada.
A construtora brasileira respondeu às críticas do governo equatoriano por meio de um comunicado e disse estar disposta a chegar a um acordo ¨equilibrado¨ e ¨justo¨.
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¨Durante seu primeiro ano de operação, a Central (hidrelétrica) trabalhou continuamente, sob a responsabilidade de empresa do governo equatoriano, e acima da capacidade projetada¨, diz o comunicado da Odebrecht
A empreiteira disse que após um ano em operação, a hidrelétrica passou por uma inspeção, na qual foram encontrados ¨alguns problemas pontuais na obra¨ e que, a partir de então, teria assumido o trabalho de reparação da usina.
¨O Consórcio, liderado pela Odebrecht, imediatamente assumiu os trabalhos dos reparos, mobilizando aproximadamente 300 pessoas (...) visando o retorno da operação da Central em 04/10/2008, prazo este que estava sendo cumprido até a intervenção do governo¨, afirma a Odebrecht no comunicado.
Entre as possíveis causas das falhas apresentadas na hidrelétrica, a construtora brasileira afirma que houve um ¨aumento significativo de sedimentos¨ nas águas do rio Pastaza, que abastece a hidrelétrica, devido à erupção do vulcão Tungurahua, situado a 20 quilômetros da usina.
Esse risco não teria sido calculado no projeto de engenharia, que de acordo com a Odebrecht, era de responsabilidade do governo equatoriano.
Perdas e ganhos
O governo equatoriano, por sua vez, afirma que a usina hidrelétrica apresenta ¨falhas estruturais¨ e exige uma indenização de US$ 43 milhões pelas perdas ocasionadas pelos três meses de paralisação, além da reparação total da obra.
A construtora brasileira, que terminou a obra antes do previsto, argumenta que os prejuízos provocados desde o fechamento da usina ¨são inferiores aos ganhos obtidos pelos nove meses de antecipação do prazo de construção¨.
Com uma potência prevista de 230 megawatts e com capacidade para abastecer 12% da energia do país, a central San Francisco foi construída pelo Consórcio Odebrecht - Alstom - Vatech (empresas européias) e inaugurada em junho de 2007.
A partir de junho de 2008 a San Francisco começou a apresentar falhas e logo depois foi fechada, o que, de acordo com o governo equatoriano, coloca em risco o abastecimento do país e poderia ocasionar apagões de energia.
Elevando o tom da disputa, o presidente do Equador, Rafael Correa, ameaçou nesta quarta-feira não pagar o empréstimo de mais de US$ 200 milhões concedido pelo BNDES para financiar a construção do projeto ¨que não presta¨.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva amenizou o problema e disse, em Nova York, estar confiante de que será alcançado um acordo com o governo equatoriano.
Acordo
Na tarde de ontem, o ministro equatoriano de Setores Estratégicos, Derlis Palacios, disse que a medida do governo ¨não paralisa os projetos¨ em andamento.
Na véspera, Palacios havia anunciado a ¨expulsão¨ da empreitera brasileira do Equador.
O ministro equatoriano, afirmou, porém, que o governo vai rever todos os contratos firmados com a empreitera.
¨O governo do Equador reitera sua disposição para reestudar todos os contratos firmados com a empresa Norberto Odebrecht devido à corrupção nos contratos que são ou foram prejudiciais ao governo do Equador¨, afirmou Palacios em entrevista coletiva.
Além da San Francisco, a Odebrecht é responsável no Equador por projetos de mais duas hidrelétricas, um aeroporto e um sistema de irrigação, todos ainda em fase de construção, que equivalem a um total de US$ 650 milhões.
Em seu comunicado, a Obebrecht diz esperar que ¨a razão, o equilíbrio e principalmente a justiça prevaleçam, em ambiente de discussões técnicas¨ com o governo.