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Crise finalmente preocupa Lula
01/10/2008 - Agência Estado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, pela primeira vez, que está apreensivo com a crise internacional, mas garantiu que, apesar do risco de escassez de crédito, não faltarão recursos para os projetos financiados pelas instituições oficiais.

Ao lado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, Lula afirmou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) continuará e que não faltarão recursos ao Banco do Brasil e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o financiamento das exportações.

¨Nós não vamos permitir que faltem recursos para as coisas que temos de cumprir¨, afirmou. ¨No Brasil, nós vamos tomar cuidado para que a coisa não aconteça. O PAC vai continuar funcionando. E as obras de infra-estrutura vão continuar acontecendo¨, completou.


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O presidente, no entanto, aumentou o tom de preocupação que vem manifestando ao avaliar os efeitos da crise na economia brasileira. Embora ressaltando que o País tem condições melhores do que no passado de enfrentar a turbulência, ele confessou estar apreensivo com a escassez de crédito no mercado mundial.

¨Eu poderia dizer que sou homem que hoje estou tranqüilo, acompanhando (a crise) com apreensão¨, afirmou. ¨É como se eu recebesse a notícia de que um amigo meu está internado no hospital. Eu não estou doente, mas fico apreensivo com o que pode acontecer. Eu estou apreensivo com a crise porque o Brasil é um país exportador, porque o País quer continuar crescendo.¨

Em entrevista à imprensa, Lula admitiu que a crise financeira americana é ¨muito séria, e tão profunda que não sabemos o seu tamanho¨. ¨Talvez, seja uma das maiores que o mundo já enfrentou¨, avaliou. Para ele, é necessário ¨juízo e responsabilidade¨ para que as economias continuem em rota de crescimento.

Mantendo o tom que empregou na última semana, Lula insistiu que não seria justa que o Brasil e as economias menores fosse sacrificadas porque o sistema financeiro americano portou-se como um cassino. ¨Nós fizemos a lição. Eles (os Estados Unidos), não, e passaram as últimas três décadas nos dizendo o que tínhamos de fazer¨, afirmou. ¨Por ironia do destino, a crise agora é dos países ricos, e os países emergentes é que estão sustentando o crescimento econômico mundial¨, completou.

¨Não seremos vítimas¨
Para o presidente, este é o momento de se acreditar no Brasil e no seu mercado interno. ¨Temos de acreditar que não seremos vítimas, como fomos outras vezes, e ao mesmo tempo torcer para que os americanos resolvam o problema¨, declarou. Lula voltou a atribuir ao clima eleitoral a decisão da maioria do Congresso americano de rejeitar o pacote de ajuda de US$ 700 bilhões ao setor financeiro e manifestou esperança de que as medidas acabem sendo aprovadas.

¨Torço para que o governo, o Congresso, os empresários e o povo americano encontrem logo uma saída e não permitam que as eleições atrapalhem as decisões para que a crise não aprofunde os problemas em outros países¨, afirmou. ¨Ao mesmo tempo, quero o bem do povo americano. Ninguém merece uma crise. São mais de 340 mil famílias que perderam suas casas nos EUA¨, completou.

O presidente informou ainda que vai manter reuniões periódicas com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Miguel Jorge, além do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para avaliar o andamento da crise e seus efeitos na economia brasileira. Rejeitou, no entanto, a interpretação de que tenha criado ¨um gabinete de crise¨.

¨Não existe uma espécie de gabinete de crise. Eu é que sou um curioso por economia desde que era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Eu tenho, não sei se o defeito ou a virtude, de sistematicamente, convidar o ministro da Economia e o presidente do BC para conversa. Mas não é de agora, não. É de sempre¨, afirmou.

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