Brasileiro chorou ao se despedir de coleção de uÃsque escocês 26/10/2008
- Luciana Bonadio -G1 SP
Pub construÃdo por aposentado na casa dele
As prateleiras que abrigaram a coleção de 3.391 garrafas de uÃsque escocês, considerada a maior do mundo, estão vazias desde o inÃcio de setembro em uma casa no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo. Depois de 37 anos dedicados ao acervo, o aposentado Claive Vidiz, de 74 anos, decidiu vender suas preciosidades a uma empresa escocesa. A despedida não foi fácil.
“Entrei muito pouco aqui, só três ou quatro vezes para pegar alguma coisa. Isso aqui estava lotado, tinha vida, coresâ€, diz o colecionador, que confessa ter chorado quando as garrafas foram retiradas do espaço onde as mantinha. As garrafas receberam embalagens especiais e foram embarcadas em um navio no dia 6 de setembro para a Escócia.
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A companhia Diageo, uma das lÃderes mundiais no setor de bebidas, irá montar um espaço especial para abrigar a coleção. A inauguração deve ocorrer, segundo Vidiz, no dia 27 de março. Ele conta que vendeu o acervo para que mais pessoas possam apreciá-lo. “Para mim, valeu muito mais uma entidade como a Diageo manter esse sonhoâ€, afirmou.
Todas as 3.391 garrafas estavam lacradas e o colecionador disse nunca ter sentido vontade de abri-las. “Nem tem condições. Mais de 300 garrafas desapareceram há 60, 80, 100 anos atrás e não tem reposição. Então, por que você vai abrir?â€, questionou. “Eu tinha uma garrafa que era a única no mundoâ€, completou.
Dos mais de 3 mil exemplares, ele diz já ter experimentado cerca de 250 – mas nunca das garrafas que colecionava. “Provei ou tomei, que tem uma diferença muito grande, entre 200 a 250, só. Isso que eu tenha provado ou colocado na boca, seja um dedalzinho, uma dose ou meia garrafa. Nada mais do que isso.â€
Ele conta que foi muito difÃcil se desfazer de alguns exemplares. “Eu tinha garrafas muito especiais, que, se eu fosse pedir, eu pegaria umas 30. Eram coisas pessoais, assinadas no rótulo, por exemplo, pela pessoa que criou aquele uÃsque. Mas eu tinha que dar porque era importante para uma coleçãoâ€, justifica.
Não fazia parte do acervo o exemplar mais caro que o colecionador tem notÃcias. É uma edição limitada do uÃsque Macallan com 60 anos de envelhecimento. Foram produzidas apenas 12 garrafas, que custam mais de R$ 80 mil. “Eu gostaria muito [de ter], sem a menor dúvida. Essa garrafa engrandece somente 12 pessoas, 12 coleções ou 12 bares. Oito delas foram vendidas para o Japãoâ€, diz.
A coleção reunida ao longo de 37 anos começou por acaso, com seis garrafas trazidas a Vidiz por um escocês. Como funcionário de uma indústria farmacêutica, ele costumava recepcionar muitas pessoas que vinham da matriz inglesa. “Eles chegavam aqui e, depois do expediente, queriam sempre uÃsqueâ€, lembra.
A bebida era cara nos anos 70, por isso ele sugeriu que cada funcionário comprasse o uÃsque no free shop e a empresa reembolsasse. Um deles trouxe, no entanto, uÃsques adquiridos na Escócia. O ano era 1971. “Ele disse ‘você vai levar para a sua casa e abrir em ocasiões especiais, com gente que entenda de uÃsque’. O que ocorreu? Nunca abri nenhuma das seis garrafas e elas viraram 3.391.â€
Após 37 anos dedicados ao acervo, ele não revela qual sua marca de uÃsque favorita. “Eu não tenho uma marca. É claro que têm algumas que são mais freqüentes que outras. Por isso, quando me perguntam, eu digo que o uÃsque tem que ter dois ingredientes: que agrade ao meu paladar e que minha conta bancária possa garantir a compra dele.â€
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Comentário de pantanaldo (pantanaldo@hotmail.com) Em 26/10/2008, 09h55
Não é para qualquer um...
...ter 3391 bons amigos; e nada fácil se despedir deles.