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Bombardeio de prédio da ONU em Gaza destrói ajuda humanitária
15/01/2009 - Folha Online com agências internacionais

Funcionários da UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos, disseram à mídia que o ataque com tanques feito por militares israelenses à sede da instituição na Cidade de Gaza, nesta quinta-feira, destruiu todas as cargas de ajuda humanitária recebidas nos últimos dias. No ataque, ao menos três funcionários da agência ficaram feridos.

Em Tel Aviv, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, expressou "grande protesto e horror" em relação ao ataque e reafirmou a necessidade de um cessar-fogo imediato entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas, que domina a faixa de Gaza, pois "o número de vítimas é inaceitável".

"Toda a comida que entrou em Gaza nos últimos dias está pegando fogo", disse, em Gaza, o porta-voz da agência da ONU Adnan Abu Hasna, em declarações à TV Canal 10, de Israel. "Ontem, falei com eles [militares] para pedir que não nos atacassem, e nos disseram que fazíamos um grande trabalho, mas hoje nos bombardearam.'


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Os alimentos estocados pela UNRWA tinham entrado em Gaza durante as tréguas diárias de três horas de duração que Israel concede, para fins humanitários, desde o fim de semana. O ataque desta quinta-feira destruiu o depósito de alimentos e o de combustíveis, que ficava a poucos metros de distância. O combate ao incêndio dura mais de quatro horas.

Desde que Israel iniciou sua grande ofensiva em Gaza, 20 dias atrás, mais de mil palestinos foram mortos e outros 4.000, feridos. Segundo fontes médicas palestinas, 40% dos mortos são civis enquanto, para Israel, 75% são militantes do Hamas. Do lado israelense, 13 foram mortos, sendo três civis.

O ataque desta quinta-feira não foi a primeira vez em que Israel afetou a ONU neste conflito. No último dia 6, uma escola da ONU foi atacada no campo de refugiados de Jabaliya suspeita de abrigar integrantes do Hamas, e mais de 40 pessoas morreram. Dias depois, o motorista de um caminhão da ONU foi morto por militares israelenses.

Em represália, a ONU suspendeu as atividades em Gaza por um dia. Israel deu, à época, garantias de segurança à organização.

Nesta quinta-feira, o ministro de Defesa de Israel, Ehud Barak, afirmou que o ataque ao edifício da UNRWA foi um "grave erro".

Segundo o porta-voz da agência da ONU, Richard Gunnes, o prédio foi atingido por três tiros de tanques israelenses. Na sequência, o edifício pegou fogo. Não há confirmação de danos nem de quantas pessoas estavam no local, no momento do ataque. Entre os funcionários da ONU, ao menos três ficaram feridos.

Fósforo branco

Gunnes acusou Israel de ter atacado o prédio com fósforo branco, substância cujo uso em regiões habitadas ou em ataques a pessoas é proibido justamente por causar queimaduras severas e problemas respiratórios.

O grupo internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch denunciara, nesta terça-feira (13), o uso de fósforo branco por Israel. Em 2006, Israel admitiu ter usado obuses com fósforo branco contra objetivos militares durante a ofensiva no sul do Líbano contra alvos do Hizbollah, milícia xiita libanesa.

"Um dos feridos sofreu lesões provocadas por bombas de fósforo branco, que atravessaram o colete à prova de balas que ele usava", denunciou o espanhol Francesc Claret, funcionário da agência da ONU, em entrevista à agência de notícias Efe. Claret afirmou ainda temer por refugiados que estavam, eventualmente, no prédio e por todo material de ajuda incendiado.

Tour

Ban chegou nesta terça-feira ao Oriente Médio para participar das negociações de paz entre israelenses e palestinos e tentar fazer que ambos os lados acatassem a resolução por trégua imediata que fora aprovada dias atrás no Conselho de Segurança e que foi ignorada. Nesta sexta-feira (16), Ban vai a Ramallah, na Cisjordânia, onde vê o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

  

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