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PMDB se reúne para decidir se pune senador Jarbas Vasconcelos
16/02/2009
- O Estado de S.Paulo
A cúpula do PMDB vai se reunir nesta segunda-feira, 16, e avaliar se pune ou não o senador do partido Jarbas Vasconcelos (PE) pelas declarações que deu em entrevista à revista Veja, na edição desta semana. Segundo Jarbas, o PMDB é “um partido sem bandeiras, sem propostas, sem norte†e boa parte dos filiados “quer mesmo é corrupçãoâ€.
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) antecipou que defenderá a saÃda do senador do partido. “Ele generalizou e não deve se sentir confortável no PMDB depois das crÃticas. Deve sairâ€, disse Cunha.
O lÃder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), também questionou a presença de Jarbas na sigla, mesmo sem pedir diretamente sua saÃda. “É uma incoerência: ele fala tudo isso e fica no partido? Não dá para entenderâ€, observou. “A opinião do senador está em desacordo com o que pensam as urnas, a Câmara e o Senado.â€
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Alves lembrou que o PMDB elegeu um grande número de prefeitos em 2008 e passou a controlar 1.313 prefeituras. Também disse que o seu partido só chegou ao comando da Câmara e do Senado porque tem o apoio de outras legendas.
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Uma das estrelas mais tradicionais do PMDB, o também senador Pedro Simon (RS) concordou com tudo o que foi dito por Jarbas à revista. Mas fez uma ressalva: “Acontecem essas mesmas coisas com os outros partidos, PT, PSDB, DEM, PPS e PTB. Estamos em uma geleia geral. Acontece que alguns têm mais corrupção que outros porque são maiores.â€
Essa “geleia geralâ€, segundo Simon, é a razão pela qual não deixa o PMDB - partido que ajudou a criar. “Eu não tenho para onde irâ€, lamentou.
O presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), eleito presidente da Câmara, ainda não se pronunciou. Ele deve fazer uma análise das declarações de Jarbas durante a reunião de cúpula partidária.
A entrevista causou desconforto em várias áreas do partido. Jarbas classificou o PMDB como “uma confederação de lÃderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos.â€
Não é a primeira vez que Jarbas, ex-governador de Pernambuco, ataca seu partido. A diferença dessa vez é que mirou de forma mais direta a corrupção e a estratégia de se manter no poder a qualquer preço. “A maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geralâ€, afirmou.
Sobre as próximas eleições presidenciais, disse: “De 1994 para cá, o partido resolveu adotar a estratégia pragmática de usufruir dos governos sem vencer eleição. Daqui a dois anos o PMDB será ocupante do Palácio do Planalto, com José Serra ou Dilma Rousseff. Não terá aquele gabinete presidencial pomposo no 3º andar, mas terá vários gabinetes ao lado.â€
RETROCESSO
O senador atacou diretamente o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), classificando sua eleição para a presidência do Senado como “completo retrocessoâ€. Segundo Jarbas, Sarney não tem compromissos éticos: “A moralização e a inovação do Senado são incompatÃveis com a figura do senador.â€
Jarbas também atacou a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, classificando-a como “um governo que deixou a ética de ladoâ€. A popularidade de Lula, na opinião dele, deve-se à sua “opção clara pelo assistencialismoâ€. O Bolsa-FamÃlia seria “o maior programa oficial de compra de votos do mundo.â€
Os altos Ãndices de aprovação a Lula, disse o senador pernambucano, não deveria intimidar a oposição. “Não é uma batalha perdida, mas a oposição precisa ser mais efetiva. Há um diagnóstico claro de que o governo é medÃocre e está comprometendo nosso futuro. A oposição tem de mostrar isso à população.â€
Nem o Planalto nem o ministro Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social, comentaram as declarações de Jarbas. O senador Sarney também não quis responder, afirmando por meio de assessores que são opiniões pessoais do ex-governador.
Fora do PMDB, o deputado SÃlvio Costa (PMN-PE), opositor polÃtico de Jarbas em Pernambuco, afirmou que as denúncias são graves, principalmente por se tratar do partido que comanda a Câmara e o Senado. “Cabe ao PMDB explicar à opinião pública as questões levantadasâ€, afirmou.
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*FabÃola Salvador, Rosa Costa e Denise Madueño
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