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Confrontos deixam dois mortos em Honduras; governo reabre aeroportos
24/09/2009 - Folha Online com agências internacionais

O porta-voz da Polícia Nacional de Honduras, Orlin Cerrato, afirmou que dois homens morreram nos distúrbios ocorridos em Honduras após a volta na segunda-feira (21) do presidente deposto Manuel Zelaya, que está refugiado na embaixada brasileira. Apesar do clima de tensão na capital Tegucigalpa, o governo interino anunciou o fim do toque de recolher na manhã desta quinta-feira e a reabertura dos aeroportos para voos domésticos.

Cerrato disse à imprensa local que um homem morreu nesta quarta-feira no hospital do Instituto Hondurenho de Previdência Social, após ser baleado na noite anterior em um confronto com a polícia antidistúrbios em Tegucigalpa.

A outra vítima é um ativista do movimento de resistência contra o golpe de Estado que participava de um protesto no subúrbio da capital, informou Cerrato, sem revelar detalhes da morte.


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"Não sabemos como esta pessoa morreu. Estamos investigando as razões. Não sabemos se foi atropelado ou se aconteceu outra coisa".

O jornal espanhol "El Pais" identificou nesta quarta-feira uma das vítimas como Francisco Alvarado, 65. Ele teria morrido baleado durante confronto entre seguidores do Zelaya e a polícia no bairro de Flor del Campo, no sul de Tegucigalpa, quando ia comprar suco em uma loja.

Alavarado, ainda segundo o jornal, não participava da manifestação e foi atingido por um tiro no abdome. Ele morreu ao chegar ao hospital.

Fontes do Hospital Escola de Honduras, citadas pela agência Ansa, relataram a morte de um membro da Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado, grupo formado por simpatizantes de Zelaya.

Segundo as mesmas fontes, a vítima foi atingida na região do estômago por um disparo das forças se segurança.

A Cruz Vermelha afirma que os confrontos da última terça-feira (22) deixaram ao menos 200 feridos. A agência de notícias Reuters, que cita fontes em hospitais locais, disse que ao menos 20 ficaram feridos.

A polícia disse que prendeu 113 pessoas depois que dezenas de empresas foram saqueados quando os manifestantes entraram em choque com policiais na noite desta terça-feira.

Toque de recolher

Apesar do clima de tensão, o governo de Roberto Micheletti anunciou a suspensão do toque de recolher e a reabertura dos aeroportos a partir das 6h (9h no horário de Brasília). As medidas haviam sido impostas na última segunda-feira, logo após o retorno de Zelaya.

A abertura dos terminais aéreos retoma o fluxo de cidadãos hondurenhos e estrangeiros, apesar dos voos internacionais continuarem proibidos.Segundo o diretor da Aeronáutica Civil, Alfredo San Martín, confirmou a reabertura em declarações à radio América e disse que os voos internacionais serão retomados "o mais rápido possível", uma decisão que depende, contudo, do governo interino.

"A partir das seis da manhã de quinta-feira será revogado o toque de recolher em todo o território nacional", diz a mensagem oficial, divulgada pela imprensa do país. O texto pede também que funcionários e aos trabalhadores "retomem suas atividades" e afirma que as forças locais garantirão "a ordem e a tranquilidade".

Micheletti decretou o toque de recolher assim que foi confirmada a notícia de que Zelaya estava no país. A medida, inicialmente, duraria até a manhã de terça-feira, mas depois foi estendida por mais 24 horas.

Segundo a agência France Presse, a atividade comercial volta à normalidade em Tegucigalpa, após dias de ruas desertas e portas fechadas e uma tarde de correria e filas nos supermercados para compra de suprimentos, durante breve suspensão do toque de recolher.

Cerco

De acordo com informações da imprensa local, os arredores da sede diplomática brasileira continuam cercados por policiais e militares.

O Ministério de Relações Exteriores do Brasil confirmou que a eletricidade, a água e o telefone da embaixada foram cortados por várias horas na terça-feira (22), mas que estava permitida a entrada de alimentos. Segundo o Ministério Público hondurenho, representantes da ONU levaram alimentos e água para o presidente deposto.

De acordo com o 22º artigo da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 1961, os locais das Missões Diplomáticas (embaixadas e edifícios anexos) são invioláveis. Os agentes do estado acreditado (que recebe a embaixada) não podem penetrar neles sem o consentimento do chefe da missão.

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