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Após derrota, governistas defendem investigação sobre agronegócio na CPI do MST
22/10/2009 - Márcio Falcão e Gabriela Guerreiro - Folha Online

Após a derrota da base aliada em não conseguir derrubar a criação de uma CPI mista (com deputados e senadores) para investigar o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), líderes governistas vão começar a trabalhar para ocupar a relatoria e a presidência da comissão.

A ideia é evitar desgaste ao Palácio do Planalto e ainda ampliar o rol de investigados, colocando entre as análises entidades ligadas ao agronegócio que também recebem recursos da União.

Com essa estratégia, os governistas querem pressionar a bancada ruralista com a ameaça de investigar a CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e a OCB (Organização das Cooperativas do Brasil).


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A CNA é comandada pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que assinou com o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) o requerimento que pediu a criação da CPI mista.

O deputado Dr. Rosinha (PT-PR) coordenou a tentativa do governo de impedir a instalação da CPI.

"Temos que ter direitos iguais. Se vamos investigar, vamos a fundo e não apenas no movimento social. É preciso que se esclareçam as dúvidas sobre todos os segmentos. Caso essas entidades tenham recebido dinheiro público, nós também podemos investigá-las", disse.
O petista acusa a oposição de querer palanque para a disputa eleitoral de 2010. "Essa CPI não faz sentido. O argumento da oposição de que R$115 milhões foram repassados para entidades ligadas ao MST foi derrubado e esclarecido pelo governo. Não há dúvidas de que a intenção deles [oposição] é criar um palanque para as eleições. Eles não querem investigar", disse.

A oposição sustenta que vai reivindicar um dos cargos de comando da comissão: a relatoria ou presidência. A relatoria é o mais cobiçado porque cabe ao relator conduzir as investigações sobre supostas irregularidades. "Nós vamos brigar para que um dos cargos fique com a oposição", disse o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO).

Os líderes oposicionistas esperam que a comissão esteja instalada até o final do mês. Depois de confirmada a instalação da CPI, os líderes partidários precisam indicar seus representantes. A comissão será formada por 12 senadores e 12 deputados --o s governistas são maioria.

Até a meia-noite, governo e oposição travaram uma batalha em torno da CPI. Enquanto os governistas tentavam garantir a retirada de assinaturas, os oposicionistas ampliaram o número de parlamentares que apoiaram a investigação.

O requerimento que tinha recebido o aval de 182 deputados quando foi lido em plenário, passou a ter a assinatura de 233 deputados favoráveis à CPI. O documento também ganhou o apoio de dois novos senadores. Os governistas conseguiram a retirada de 23 assinaturas.

Pelo regimento do Congresso, após a leitura do requerimento em plenário, os parlamentares têm até a meia-noite para retirarem assinaturas.

A oposição suspeita que ao menos R$ 115 milhões tenham sido desviados pelo movimento de convênios com o governo. Uma das linhas de investigação será em cima do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de São Paulo.

Três coordenadores dos núcleos de apoio do órgão no Pontal do Paranapanema exerceram funções na Cocamp, uma cooperativa criada pelo MST que é alvo de investigação da polícia por mau uso de recursos públicos.

A proposta de CPI ganhou força no Congresso depois da invasão, por integrantes do MST, da fazenda Santo Henrique, na divisa dos municípios de Iaras e Lençóis Paulista, em São Paulo, que resultou na destruição de parte do laranjal da propriedade.

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