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Paulo Octávio recua e desiste de renunciar a cargo de governador interino do DF
18/02/2010 - Gabriela Guerreiro - Folha Online

Apesar de estar com a carta de renúncia pronta, o governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), justificou nesta quinta-feira a sua decisão de permanecer no cargo com o argumento de que a intervenção federal em Brasília poderia trazer prejuízos para a governabilidade do DF.

Depois de ter sinalizado ao longo do dia que deixaria o cargo, Paulo Octávio disse que permanece no governo do Distrito Federal pelo menos até o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir sobre a intervenção no DF.

"Na próxima semana, decisões importantes no STF poderão mudar a vida de Brasília, Por isso, apesar de ter a minha carta de renúncia pronta e entregue à deputada Eliana Pedrosa, líder do meu partido na Câmara Legislativa, aguardo mais alguns dias como me recomendou o presidente Lula para que possamos ter o quadro das decisões que a Justiça deverá apresentar na próxima semana. Aí sim tomaremos as decisões que serão necessárias", afirmou.


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Paulo Octávio disse que a intervenção federal representaria uma "derrota para o povo brasiliense", além de trazer perdas para a autonomia política do DF.

"Já renunciei ao direito de me candidatar ao governo do DF. Não sou candidato ao governo do DF, mas não posso ainda renunciar da obrigação de servir Brasília e seu povo. Por isso, farei todos os meus esforços para buscar a governabilidade que permita voltar a tranquilidade à comunidade brasiliense", afirmou.

O governador interino admitiu que recebeu uma série de pressões ao longo do dia para deixar o cargo, mas disse que o "apelo da maioria da população brasiliense" o fez mudar de ideia em relação à renúncia.

"Estou pronto para, se for necessário, a minha renúncia. Hoje tenho, depois de muita discussão com os meus partidos, meus assessores, tenho essa peça [carta de renúncia] pronta. Mas durante esta tarde, ouvi apelos. Ouvi apelos de muitos partidos políticos. Ouvi apelos de todos os secretários do governo. Ouvi apelos de uma imensa maioria da população brasiliense, preocupada com o momento que vivemos", afirmou.

Paulo Octávio disse que vive um "momento difícil, de reflexão pessoal". "Vamos viver um dia de cada, e cada dia teremos problemas. Sei que é um governo em momento muito difícil. Quero colocar minha experiência, meu conhecimento do governo, para que possamos aguardar a decisão do STF."

Carta

Em um rápido pronunciamento, que durou cerca de dez minutos, Paulo Octávio leu trechos da carta que encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o encontro com o petista, ocorrido esta manhã. Na carta a Lula, Paulo Octávio afirma que quer ser um "facilitador" na crise do DF.

"Brasília e seu povo não podem ser prejudicados com a paralisação da administração pública. [...] Quero fazer parte da solução do problema e, para isso, de antemão, quero expressar meu sentimento de que estou aberto ao diálogo e à moderação com todas as forças que formam o espectro político, sem preconceitos de qualquer espécie e inspirado apenas pelo desejo de servir."

Para demonstrar força, Paulo Octávio fez o pronunciamento cercado por mais de 30 assessores e secretários do governo do DF.

Ao fim de suas palavras, o governador interino foi aplaudido pelos auxiliares. Do lado de fora do Palácio do Buriti, sede do governo do DF, estudantes vaiaram o pronunciamento de Paulo Octávio enquanto o governador anunciava sua decisão de permanecer no cargo. A Polícia Militar cercou o prédio para evitar que fosse invadido.

Como o pronunciamento ocorreu no salão principal do palácio, ao lado da entrada principal, os gritos dos manifestantes foram ouvidos ao longo de todo o pronunciamento do governador interino.

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