O preso político cubano Orlando Zapata, de 42 anos, morreu ontem após 85 dias de greve de fome por melhores condições de detenção. A morte ocorreu no mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a Cuba para reunir-se com os líderes cubanos.

No domingo, 50 presos políticos cubanos - membros do grupo de 75 condenados em 2003 - pediram em uma carta divulgada em Havana que o presidente Lula intercedesse por sua libertação durante a visita.

Eles também tinham solicitado ao presidente que intercedesse por Zapata - considerado um preso de consciência pela Anistia Internacional - e alertado que o estado de saúde dele era grave.


PUBLICIDADE


Zapata morreu em um hospital de Havana para onde tinha sido levado de urgência na noite de segunda-feira, disse Laura Polan, membro do grupo de mulheres de dissidentes políticos Damas de Branco.

Zapata não estava entre os presos políticos mais conhecidos da ilha. Ele foi preso em 2003 por participar de uma greve de fome e condenado a 3 anos de prisão, declarou Elizardo Sánchez, líder da ilegal, mas tolerada, Comissão Cubana de Direitos Humanos. Segundo a Anistia Internacional, a condenação foi elevada a 25 anos e 6 meses de prisão por delitos como "desacato", "desordem pública" e resistência".

"É uma grande tragédia para a família dele, para o movimento a favor dos direitos humanos em Cuba e para o governo cubano, pois ocorrerão protestos aqui e lá fora", disse Sánchez. "A morte dele mostra a arrogância totalitária que não mede o impacto humano de seus atos", acrescentou.

"Foi um assassinato com roupagem judicial. É uma morte que poderia ter sido evitada", disse Sánchez. Segundo ele, as autoridades cubanas deveriam ter dado alimentação forçada a Zapata para impedir que ele morresse.

Zapata, um encanador, iniciou a greve de fome em dezembro na prisão de segurança máxima da Província de Camaguey, onde só ingeria água. Na semana passada foi transferido para uma prisão em Havana, já semi-inconsciente.

Compartilhe: