Pelo menos 100 sĂŁo detidos apĂłs preso polĂtico cubano morrer em greve de fome 25/02/2010
- Folha Online
Ao menos cem dissidentes cubanos foram detidos temporariamente pelas forças de segurança do governo, depois da morte do preso polĂtico Orlando Zapata Tamayo, enterrado nesta quinta-feira, denunciou a ComissĂŁo de Direitos Humanos. A maioria dos presos foi liberada.
"A maioria jå foi liberada, mas precisamos verificar", acrescentou Sånchez, da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN).
PUBLICIDADE
SĂĄnchez destacou que as detençÔes foram feitas "sob ameaça de prisĂŁo formal" e ocorreram "principalmente no leste da ilha, sobretudo em HolguĂn", onde fica a aldeia de Banes, onde nasceu Tamayo, a 850 quilĂŽmetros a leste de Havana.
"A famĂlia se opĂŽs com veemĂȘncia e eles foram obrigados a ceder", afirmou.
Enterro
Tamayo, que morreu na terça-feira (23) apĂłs greve de fome de dois meses e meio, foi sepultado hoje em Banes, 850 quilĂŽmetros ao leste de Havana, sob intensa vigilĂąncia de agentes de segurança, informou a mĂŁe do dissidente polĂtico, Rosa Tamayo.
O presidente cubano, RaĂșl Castro, lamentou a morte, mas desagradou a comunidade internacional ao negar a prĂĄtica de torturas em Cuba. Ele responsabilizou o governo dos Estados Unidos, o qual acusou de financiar a oposição com US$ 50 milhĂ”es anuais.
"A morte de meu filho tem que me dar muita força. Eu nĂŁo aceito mensagem de condolĂȘncias de RaĂșl Castro, porque eles mataram meu filho", disse Tamayo, que tinha casa vigiada por dezenas de agentes de segurança.
Morte
Segundo vĂĄrias fontes consultadas pela agĂȘncia de notĂcias Efe, Zapata Tamayo --que pedia para ser tratado como "'prisioneiro de consciĂȘncia"-- morreu por volta das 15h30 (17h30 de BrasĂlia) no hospital Amejeiras, para onde havia sido encaminhado na noite desta terça-feira.
Cerca de 50 dissidentes presos ou com "licença penal" por razĂ”es de saĂșde, pediram a Lula, por meio de uma carta, que interceda por a favor de suas liberdades quando se encontrar com os irmĂŁos Castro.
Para os presos, Lula "seria um magnĂfico interlocutor" para se obter do governo cubano "as reformas econĂŽmicas, polĂticas e sociais urgentemente requeridas" na ilha.
Lula
Durante visita a Havana, o presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva lamentou a morte do dissidente. "Lamento profundamente que uma pessoa tenha morrido por greve de fome", disse Lula Ă agĂȘncia de notĂcias France Presse quando ia do hotel para o PalĂĄcio da Revolução, para se reunir com o presidente cubano, RaĂșl Castro.
Ele disse nĂŁo ter recebido nenhuma carta pedindo sua intervenção na libertação de presos polĂticos cubanos, e lamentou a versĂŁo de que obteve uma "carta impressa" neste sentido.