Disse que, menos conhecida que o rival Serra, Dilma usará metade do tempo para se apresentar ao eleitor. A outra metade servirá para vinculá-la à gestão Lula.
Trabalha-se com a seguinte equação: Dilma + Lula x Continuidade = Favoritismo. Meirelles injetava na conta uma variável que poderia conspurcar o resultado.
Esta será a segunda vez que Temer vai às urnas como candidato a um cargo executivo. A primeira tentativa resultou em fiasco.
A dupla beliscou escassos 4% dos votos dos paulistanos. Amargou um constrangedor quarto lugar.
Deputado desde 1987 –- primeiro como suplente, titular a partir de 1995 -— Temer receberia em 2006 um, por assim dizer, recado do eleitor.
Tomado pelo número de votos que obteve (99.046), Temer não teria sido devolvido à Câmara. Serviu-se, na bacia das almas, das sobras do quociente eleitoral.
Chegou ao Congresso com uma estatura menor que a exibida em 2002, quando amealhara sua melhor marca: 252.229 votos.
O partido plantara na chapa de Serra, como candidata a vice, a deputada pemedebê Rita Camata (ES), hoje filiada ao PSDB.
A vitória de Lula submeteu Temer a uma realidade adversa. Sob FHC, fora à presidência da Câmara duas vezes. Obtivera cargos na máquina pública.
No primeiro mandato de Lula, perderia os cargos. E seria ultrapassado em prestÃgio por Sarney e Renan, lulistas de primeira hora.
Reeleito em 2006, Lula decidiu ampliar sua base congressual. Encontrou em Temer um interlocutor maleável.
Fragilizado pelas urnas miúdas e premido pela necessidade de recuperar o espaço que seu grupo perdera para a ala do Senado, Temer acertou-se com o governo.
Ampliou-se para seis o número de ministros do PMDB. Entre os que foram à Esplanada, Geddel Vieira Lima, outro ex-aliado do tucanato.
Geddel tornou-se o principal defensor do projeto de Temer. Candidato ao governo da Bahia, operou nos subterrâneos contra a conversão do cristão novo Meirelles em vice de Dilma.
Sempre que o nome de Meirelles emergia nas manchetes, Geddel cuidava de lembrar ao PT que o prestÃgio do presidente do BC se restringia ao mundo das finanças.
Cristão novo no PMDB, partido ao qual se filiou em setembro de 2009, Meirelles não arrastaria na convenção do partido um mÃsero voto para Dilma.
Ficou entendido que a parceria eleitoral dependia da entrega da vice a Temer, guindado à condição de fiador do entendimento.
A última pesquisa Datafolha como que aplainou a crista de Lula e do petismo. Embora competitiva, Dilma estacionou. E a vantagem de Serra foi a nove pontos.
Para evitar reviravoltas, Lula desistiu de Meirelles. Pressentiu que era hora de garantir “o essencialâ€: o tempo de TV do PMDB. Digeriu Temer.