Uma cooperativa em Cochabamba e três empresas com sócios internacionais foram os alvos da medida

O presidente da Bolívia, Evo Morales, decretou a nacionalização de uma cooperativa local e de três empresas geradoras de energia que têm sócios internacionais, durante um ato realizado numa usina elétrica no centro do país pelo Dia dos Trabalhadores.


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As empresas nacionalizadas são a Corani, que é 50% da Ecoenergy International, subsidiária da francesa GDF Suez; a Guaracachi, cuja sócia principal é a britânica Rurelec PLC; e a Valle Hermoso, da qual a metade das ações pertence à Bolivian Generating Group, da empresa Panamerican da Bolívia.

A cooperativa boliviana nacionalizada é a Empresa de Luz e Força de Cochabamba (Elfec).

As empresas nacionalizadas foram ocupadas na madrugada por soldados e policiais. O presidente agradeceu às Forças Armadas pela colaboração.

Segundo Evo, 80% da produção de energia está agora em mãos da estatal Empresa Nacional de Eletricidade. O setor elétrico boliviano estava sob controle privado desde 1996. A Bolívia tem uma das coberturas elétricas de áreas rurais mais baixas do continente. De acordo com dados de 2005, enquanto a cobertura urbana alcançava 87%, no campo, ela não passava de 30%.

O presidente afirmou que seguirá "nacionalizando todas as empresas elétricas que antes eram do Estado boliviano". "Cedo ou tarde o Estado boliviano terá de controlar e administrar 100% da energia do país", discursou Evo, num ato público em Cochabamba. "Novamente, temos um 1º de Maio no qual recuperamos nossas empresas privatizadas durante 20 anos de governos neoliberais."

Data simbólica

Em anos anteriores, o presidente boliviano - que ao lado do venezuelano Hugo Chávez e do equatoriano Rafael Correa formam o núcleo sul-americano da doutrina chavista conhecida como "socialismo do século 21" - também aproveitou o 1º de Maio para nacionalizar outros setores da economia e da infraestrutura do país, como os de hidrocarbonetos, telecomunicações, minerador e de distribuição de combustível para o segmento aéreo.

Em 2006, numa ação que envolveu a ocupação militar de duas refinarias da brasileira Petrobrás - em Cochabamba e em Santa Cruz, no leste -, Evo nacionalizou o setor de hidrocarbonetos, forçando a estatal do Brasil a negociar a entrega das instalações e a redefinir a natureza dos contratos para a exploração de gás e petróleo na Bolívia. Agora, as empresas petrolíferas estrangeiras operam no país apenas como prestadoras de serviço.

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