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Juros para empresas "sem BNDES" lideram alta em julho
24/08/2010 - Eduardo Cucolo - Folha Online

As empresas sem acesso ao crédito subsidiado do BNDES (banco estatal de desenvolvimento) foram as que mais sofreram com a alta dos juros bancários em julho.

Segundo dados do Banco Central, a taxa média cobrada pelos bancos comerciais subiu de 34,6% para 35,4% ao ano, a maior desde outubro de 2009. O juro para pessoa jurídica subiu 1,4 ponto percentual, para 28,7% a.a., com elevações maiores nas modalidades desconto de duplicata e conta garantida.

Para pessoas físicas, a taxa chegou a 40,5% a.a. (+0,1 pp), percentual ainda próximo do menor nível da história. Entre as linhas de crédito mais utilizadas, houve alta de juros no cheque especial (167,3% a.a., a maior em um ano), no crédito pessoal (42,2% a.a.) e no financiamento de veículos (24% a.a.).


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De acordo com o BC, a migração de grandes empresas para o crédito do BNDES e a procura por linhas mais caras explica essa alta.

"Às vezes as taxas sobem por razões justificadas. As grandes empresas liquidaram seu endividamento no crédito livre e foram para o direcionado [do BNDES]. Permaneceram na carteira aquelas que pagam taxas mais elevadas", disse Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC.

"Você pode ter também custo mais caro na concessão. As empresas que estão buscando empréstimos no segmento livre hoje têm risco mais elevado."

Dados preliminares do BC para o mês de agosto mostram que os juros ficaram praticamente estáveis nas duas primeiras semanas do mês. Os empréstimos com crédito livre cresceram 1,1%, sendo 2,1% para as famílias e 0,3% para empresas.

O volume total de crédito subiu 1,2% no mês passado, para R$ 1,55 trilhão (45,9% do PIB). Mais uma vez, a alta foi puxada pelo crédito subsidiado, que cresceu 2,3%, com destaque para empréstimos do BNDES e para habitação.

Os empréstimos de recursos do BNDES repassados por bancos comerciais cresceram quase 5% no mês passado, mas o BC não identificou nenhuma operação específica.

Reportagem da Folha mostrou que o banco estatal de desenvolvimento concentrou suas operações de empréstimos com recursos do Tesouro Nacional em 12 grandes empresas, entre elas, a Petrobras e as maiores construtoras do país.

Os dois maiores bancos estatais (BB e Caixa), que também possuem concentração de empréstimos acima do verificado no setor privado, liberaram ainda dois grandes financiamentos para a Petrobras em junho, que somam mais de R$ 4 bilhões.

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