Os rombos que o ano eleitoral de 2010 deixou nas contas do PT e do PSDB serão integralmente cobertos por recursos públicos em 2011, graças à manobra do Congresso que, em janeiro, elevou em R$ 100 milhões os repasses da União para o Fundo Partidário.
"É um claro exemplo de legislação em causa própria", disse o cientista polÃtico Aldo Fornazieri, diretor da Fundação Escola de Sociologia e PolÃtica de São Paulo. "Os partidos fizeram um cálculo e elevaram o Fundo Partidário para cobri-las."
Recuo no Planalto. Depois de o Estado ter revelado a manobra para "estatizar" dÃvidas da campanha de 2010, em janeiro passado, Dilma chegou a avaliar a possibilidade de vetar a injeção de R$ 100 milhões no cofre dos partidos. Assessores fizeram circular a versão de que ela teria ficado insatisfeita com a atitude dos parlamentares, principalmente em um momento em que seria necessário anunciar cortes para equilibrar as contas do governo.
A estatização das dÃvidas da eleição evidencia a existência de um financiamento público de campanhas disfarçado no PaÃs, segundo especialistas como Carlos Melo, cientista polÃtico do Insper.
Em tese, o Fundo Partidário deveria subsidiar a manutenção dos partidos - aluguel de sedes, pagamento de funcionários, aquisição de equipamentos etc. Mas não há impedimentos legais para seu uso em campanhas.
Do total de R$ 212 milhões arrecadados pelo PT em 2010, 87% foram desembolsados em "despesas com fins eleitorais".
Já o PSDB teve receita de R$ 139 milhões, sendo que 84% desse valor foi consumido em gastos relacionados às eleições.
O Estado procurou os responsáveis pelas finanças dos dois partidos, João Vaccari Neto (PT) e Márcio Fortes (PSDB), mas não obteve resposta aos pedidos de esclarecimentos