Redução de danos 28/06/2011
- Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, comparece hoje ao Senado para falar sobre as acusações de que teria sido o mentor do chamado "dossiê dos aloprados" meio que por sua conta e risco.
De preferência na Casa da qual Mercadante fez parte nos últimos oito anos e em ambiente menos acirrado que a Câmara, de onde surgiu o movimento para a reabertura das investigações na Procuradoria-Geral da República e no próprio Congresso.
Por exemplo, para a convocação da ex-senadora Serys Slhessarenko e de outros personagens como o ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso, o dono das gravações, ou mesmo de integrantes do grupo preso num hotel em São Paulo com R$ 1,7 milhão para a compra do dossiê.
O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, senador DelcÃdio Amaral, não recebeu recado algum do Palácio do Planalto sobre a audiência de hoje e do ministro Mercadante ouviu apenas o desejo de comparecer para se explicar e encerrar o episódio.
Agenda positiva. O PT informa: não há a menor possibilidade de a presidente Dilma Rousseff mudar de posição em relação ao sigilo eterno aos documentos oficiais classificados como ultrassecretos.
Ela continua apoiando a restrição do sigilo ao prazo máximo de 50 anos. E para deixar isso patente, o governo começou a trabalhar com a possibilidade de antecipar a votação da Lei de Acesso à Informação para do recesso parlamentar de julho.
Foram presos em flagrante Valdebran Padilha que tinha US$ 109.800 mil e mais R$ 758 mil em dinheiro e Gedimar Passos, com US$ 139 mil e mais de R$ 400 mil em dinheiro. Ao todo, os dois tinham R$ 1,7 milhão. Valdebran era empresário e havia sido tesoureiro do PT em Mato Grosso em 2004. Gedimar, havia sido agente da PF e se apresentava como advogado do PT. O dinheiro seria usado para comprar um dossiê envolvendo Serra, ex-ministro da Saúde, no escândalo da Máfia dos Sanguessugas. O dossiê, que se revelou ser falso, seria vendido pelos empresários Darci Vedoin e seu filho, Luiz Antônio Vedoin, donos da empresa Planam, pivô do escândalo das sanguessugas.
Entre os petistas presos em flagrante, estavam integrantes da campanha de Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, adversário direto de Serra na disputa, e pessoas próximas ao presidente Lula. Segundo apurou a PolÃcia Federal, os contatos entre os Vedoin e os integrantes do PT envolvidos no caso se iniciaram no dia 15 de agosto de 2006. No dia 14 de setembro, o "Correio Braziliense" denunciava o envolvimento de Serra com a Máfia das Sanguessugas. Serra negou participação no esquema e acusou o PT de fazer "baixaria". Entre a noite do dia 14 e madrugada do dia 15, foram presos Luiz Antônio Verdoin e seu primo, Paulo Roberto Trevisan - o primeiro em Cuiabá e o segundo em São Paulo. Ambos foram acusados de chantagem e ocultação de documentos. Em São Paulo, foram presos Vadebran e Gedimar.
Freud Godoy falou à PF no dia 18 e apontou mais um envolvido: Jorge Lorenzetti, "churrasqueiro" de Lula e um dos chefes do comitê de reeleição. Seria o mentor da operação. Atuava com Gedimar analista de risco e mÃdia. Segundo o site Contas Abertas revelou, a ONG Unitrabalho, ligada a Lorenzetti, recebeu R$ 18,5 milhões no governo Lula, 21 vezes mais do que durante os dois governos de FHC. No dia 20, Lorenzetti anunciou seu afastamento da campanha eleitoral e voltou a trabalhar no Banco do Estado de Santa Catarina (BESC), de onde foi exonerado no dia 28.