Em meio à torrente de denúncias por suas ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira, o senador convocou reunião com advogado para discutir forma de sair dos holofotes
Em um esforço para evitar a cassação – e a consequente perda dos direitos polÃticos –, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) convocou uma reunião com seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, para avaliar a possibilidade de renunciar ao mandato. A renúncia imediata foi cobrada neste domingo, 1, pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil.
Alvo de grampos telefônicos em que demonstra intimidade com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a quem chegou a chamar de "professor", Demóstenes complicou-se ao tentar explicar as relações com o chefe de esquema de jogos de azar investigado pela PolÃcia Federal na Operação Monte Carlo.
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A reunião entre o senador e o advogado ocorreu no domingo à noite. Nenhum dos dois se manifestou após o encontro. À tarde, o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, pediu uma "medida extrema". "O teor das conversas telefônicas mantidas com o empresário, divulgadas pela imprensa, evidenciam uma situação mortal para qualquer polÃtico", afirmou, ao defender a renúncia.
Mas a eventual renúncia de Demóstenes não o livra, automaticamente, do risco de se tornar inelegÃvel. Pela Lei da Ficha Limpa, declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), os polÃticos que renunciarem ao mandato após o oferecimento de representação por quebra de decoro ficam inelegÃveis pelo perÃodo restante do mandato e pelos oito anos seguintes.
Na semana passada, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) protocolou no Conselho de Ética do Senado uma representação contra Demóstenes por quebra de decoro. No entanto, a peça ainda não foi formalmente recebida, porque o colegiado está sem presidente desde setembro do ano passado. Como o vice-presidente do conselho, Jayme Campos (DEM-MT), se declarou incompetente para receber a representação, ela foi encaminhada para a consultoria jurÃdica do Senado.