Antes de começar a cumprir sua pena, que deve ser iniciada em regime fechado, o petista tenta há semanas organizar eventos com militantes do partido em sua defesa.
Mas o que Dirceu não esperava era que seu prestÃgio estivesse tão baixo dentro da legenda onde construiu sua trajetória polÃtica e onde alcançou posto de lÃder influente.
O golpe de misericórdia veio na reunião do Diretório Nacional do PT na última sexta-feira, em BrasÃlia.
Representando Dirceu, Serge Goulart, da tendência radical O Trabalho, apresentou uma moção sugerindo que o partido fosse às ruas para promover atos contra o STF e que não reconhecesse o julgamento do mensalão, segundo informou o jornal O Globo.
Após o encontro, o partido divulgou uma nota, mas nenhuma linha fazia referência ao mensalão.
Os apoiadores de Dirceu tentaram reunir militantes em atos em São Paulo, Osasco (SP) e Curitiba. Nesta semana, deverão ser feitas novas tentativas em Guarulhos (SP) e Porto Alegre (a menos que a decisão do diretório nacional enterre de vez os planos de Dirceu).
O presidente do PT, Rui Falcão, e os deputados Jilmar Tatto (PT-SP), lÃder do PT na Câmara, e Arlindo Chinaglia (PT-SP), lÃder do governo, que haviam sido inicialmente anunciados como participantes do evento, não foram.
Ao explicar as ausências, os organizadores culparam o “trânsito de São Pauloâ€.
O ex-chefe do PT e ex-homem forte do governo Lula, acostumado a agendas requisitadas e à tribuna da Câmara dos Deputados, teve dificuldade para reunir 150 pessoas em Curitiba, a maioria estudantes no último dia 3.
Em São Paulo, um novo encontro reuniu Dirceu e Genoino na sede do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, no dia 24.
A única cara conhecida na plateia era o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), e o encontro foi preenchido por militantes do Fórum do Diálogo Petista, criado por filiados de correntes consideradas radicais do PT.
No discurso, Dirceu repetiu a ladainha de que sua condenação foi um golpe da elite e da imprensa, falou em “martÃrio†e chegou a afirmar que só não foi “fuzilado porque num Estado democrático de Direito não há pena de morteâ€.
Dirigente da tendência O Trabalho, Markus Sokol disse em novembro que existe “insatisfação na base do partido†com a forma com que o partido tem lidado com o resultado do julgamento – tÃmida, na sua opinião.
“Se ficar sem resposta, outras organizações que incomodam a elite dominante não poderão se sentir garantidasâ€, disse o dirigente.
“Falta solidariedade no nosso partido. É na hora ruim que se conhece o companheiro. Eles [Dirceu, Genoino e Cunha] merecem mais do nosso carinhoâ€, afirmou em Osasco o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), um dos petista que saiu em defesa do ex-ministro publicamente.
A desculpa de petistas para não comparecer tem sido de que os atos não são eventos oficiais do partido e não contam com a chancela dos diretórios locais.