Grupos enfrentam polícia e invadem até desfiles cívicos 08/09/2013
- O Estado de S. Paulo
O Dia da Independência, para o qual alguns grupos da internet prometiam "o maior protesto da história do Brasil", foi marcado menos pela quantidade de pessoas nas ruas e mais por confrontos entre manifestantes e policiais.
Os primeiros conflitos ocorreram pela manhã nos desfiles militares e durante toda a tarde grupos dispersos repetiram os choques com policiais nas principais capitais do País. Mascarados foram monitorados ou presos. O aparato policial, em alguns casos, chegou a ser maior do que o número de pessoas protestando.
Havia dois tipos de manifestantes: os tradicionais participantes das marchas do Grito dos Excluídos - organizadas pela Igreja Católica e engrossadas por representantes de movimentos sociais - e os grupos convocados via redes sociais, que mantêm as "pautas difusas" levantadas nos protestos de junho e agregam táticas de manifestação violentas, como o movimento Black Bloc. Mais de 200 pessoas foram presas nas principais capitais do País.
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O protesto em São Paulo, iniciado na Avenida Paulista, terminou em confronto no fim da tarde, quando manifestantes tentavam invadir a Câmara Municipal, no centro da cidade. Ao longo das vias centrais, manifestantes picharam prédios com mensagens de protestos contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Parte do grupo também depredou agências bancárias. O protesto reuniu ao todo 1.5 mil pessoas. Até o final da noite a polícia havia confirmado a prisão de 11 pessoas e um ferido.
O repórter fotográfico Tércio Teixeira informou à Folha que foi "atingido de raspão", aparentemente por estilhaços de bala. A secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o disparo com arma letal foi feito por um policial que foi cercado por manifestantes quando passava de moto pela praça João Mendes. Segundo a assessoria, o PM foi atingido por um cartaz, caiu da moto, e foi ameaçado por manifestantes que falavam em tirar sua arma.
Ainda segundo a SSP-SP, o policial se recuperou, saiu correndo a pé e, em seguida, deu um tiro para o chão. Segundo a assessoria, o fotógrafo estava mascarado e não registrou boletim de cocorrência até a noite deste sábado. Afirmou ainda que "o episódio será apurado" e a secretaria tomará todas as medidas cabíveis assim que se esclarecer o caso.
No Rio, apesar do reforço policial - cerca de dois mil PMs faziam a segurança no centro -, integrantes do movimento Black Bloc conseguiram invadir, pela manhã, a Avenida Presidente Vargas durante o desfile de 7 de setembro. Houve confronto com a polícia. Ao todo, 77 pessoas foram detidas e 12 ficaram feridas. No fim da tarde, os manifestantes seguiram para o Palácio Guanabara, sede do governo estadual, na zona sul, onde novos enfrentamentos aconteceram.
Em Brasília, as manifestações resultaram em 39 detenções. Os protestos começaram pacificamente durante o desfile militar na Esplanada dos Ministérios, mas no fim da manhã se transformaram em confrontos, que se espalharam por toda a região central da cidade.
No início da tarde houve uma tentativa de invasão da sede da Rede Globo, onde manifestantes quebraram janelas de três carros de funcionários. Estabelecimentos comerciais e automóveis foram depredados. Um shopping próximo precisou proibir a entrada e saída de pessoas durante a confusão e permaneceu protegido por mais de meia hora pelos policiais.
Seleção
No começo da tarde, manifestantes tentaram seguir em direção ao Estádio Mané Garrincha, onde as seleções de Brasil e Austrália disputaram uma partida amistosa, mas as cerca de 400 pessoas que compunham o grupo foram dispersadas com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. A tropa de choque também utilizou balas de borracha. Foram registrados confrontos também em frente à Rodoviária do Plano Piloto. Comerciantes foram obrigados a fechar as portas de suas lojas.
No fim da tarde, um grupo de pessoas tentou voltar ao Congresso, mas foi dispersado por jatos d’água e mais bombas lançadas pelos policiais.
Em Salvador, dois ônibus foram apedrejados e um incendiado. Dois pontos de ônibus foram danificados e uma fachada do Banco do Brasil foi destruída. Banheiros químicos também foram quebrados pelos manifestantes, alguns deles com os rostos cobertos. Pelo menos 23 pessoas foram detidas.
O confronto em Belo Horizonte teve início quando manifestantes tentaram depredar o relógio da Copa do Mundo de 2014 na Praça da Liberdade, região centro-sul da cidade. A PM usou armas de choque. Pelo menos 25 pessoas foram presas e quatro menores apreendidos. Em Fortaleza, 30 mascarados foram detidos. Segundo a PM, eles portavam bombas, paus e pedras: um deles levava um manual de guerrilha na mochila.
Governadores
Em Maceió, o desfile cívico teve de ser interrompido após manifestantes do Grito dos Excluídos invadirem a avenida onde acontecia o evento. O grupo foi até o palanque de autoridades. O governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), teve de sair às pressas, escoltado.