Orçamento do Comitê Rio 2016 para as Olimpíadas sobe para R$ 7 bilhões 24/01/2014
- Leonardo Filipo e Lydia Gismondi - G1
A 925 dias do início dos Jogos, o Comitê Rio 2016 anunciou o orçamento oficial para as Olimpíadas e Paralimpíadas, ontem, em sua sede, no Rio de Janeiro.
Em quatro anos, os gastos previstos pela organização saltaram de R$ 4,2 bilhões para R$ 7 bilhões.
Mas, considerando a atualização da inflação com base no IPCA no período, o valor inicial atualizado seria de R$ 5,5 bilhões e o aumento real do orçamento foi, portanto, de R$ 1,5 bilhão.
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Em relação ao plano inicial divulgado em 2009, o orçamento teve um aumento de 25%.
O custo total para a realização dos dois eventos, porém, só será conhecido na semana que vem, quando vai ser divulgada a Matriz de Responsabilidade.
O orçamento operacional de R$ 7 bilhões do Comitê Rio 2016 não prevê o uso de qualquer dinheiro público e será financiado pela iniciativa privada, venda de ingressos e repasses de verbas do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Com isso, o valor de R$ 1,4 bilhão indicado no dossiê de candidatura que seria bancado pelas três esferas de governo foi desconsiderado na apresentação do orçamento final.
Porém, mesmo sem a previsão do uso de recursos públicos, a lei que regula as Olimpíadas diz que o Governo Federal é obrigado a cobrir um eventual prejuízo do Comitê Rio 2016.
No planejamento, o Comitê espera captar os R$ 7 bilhões para cobrir os gastos da seguinte forma: 51% de patrocinadores locais, 21% em contribuição do Comitê Olímpico Internacional (COI), 13% em venda de ingressos, 9% de patrocinadores internacionais e 6% em licenciamento e outras receitas.
O aumento no orçamento foi justificado principalmente pelos seguintes fatores: entrada de quatro esportes a mais no programa (golfe, rúgbi, paracanoagem e paratriatlo); a evolução da tecnologia -- gerando demandas de novos equipamentos, como tablets --; a sofisticação da segurança; e aumento dos salários e na despesa com a vila olímpica.
Além disso, o Comitê Rio 2016 informou que o custo previsto -- R$ 4,2 bilhões -- também precisava ser atualizado com base no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que teve uma variação de 31,89% neste período, como forma de comparação.
Então, o R$ 4,2 bilhões de 2009 seriam, na verdade, R$ 5,5 bilhões atualmente.
Segundo o diretor geral dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, Sidney Levy, essa diferença tentará ser compensada pelo Comitê Organizador do Rio 2016 com a captação de mais investimentos.
- Acontecem coisas que não estão no nosso controle, como a inflação. Mas é nosso papel trabalhar todos os dias para que esse número seja equilibrado. Fomos ao mercado para trazer mais receitas para compensar as despesas e estamos tendo bastante sucesso – afirmou Levy.
O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, procurou minimizar o aumento do orçamento comparando com o valor gasto pela organização das Olimpíadas de Londres, em 2012.
- Estamos trabalhando com um orçamento 30% menor do que o de Londres. Londres trabalhou com um orçamento equivalente a R$ 12 bilhões. O nosso é de R$ 7 bilhões - ressaltou Nuzman, considerando o câmbio atual da libra.
O relatório econômico trimestral final publicado pelo Departamento de Cultura, Mídia e Esporte do governo britânico (DCMS) em outubro de 2012, porém, mostrou que o orçamento operacional do Comitê Organizador de Londres 2012 (Locog) chegou perto dos 3 bilhões de libras.
Mas considerando o câmbio da época (R$ 3,20), o custo total seria de R$ 9,6 bilhões. Mesmo assim maior do que o previsto para as Olimpíadas de 2016.
A apresentação do Comitê Rio 2016 desta quinta-feira marcou o início das três etapas que compõem a divulgação do orçamento da competição.
Até agora, foram anunciados apenas os gastos com as operações dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Este levantamento não conta, portanto, os custos de construções, reformas de instalações e qualquer obra de infraestrutura.
Com mais de dois anos de atraso, de acordo com a primeira data prevista (novembro de 2011), a matriz será entregue na próxima semana.
A criação da Autoridade Pública Olímpica (APO) e, depois, a mudança de gestão da mesma, no ano passado, dificultaram ainda mais a definição das responsabilidades.
O Comitê Organizador dos Jogos de Londres entregou o documento antes dos mil dias para a competição. Já o Brasil começa a apresentar sua previsão 925 dias antes da abertura.
Para finalizar a apresentação do orçamento dos Jogos, em março, ainda sem data estipulada, os três níveis de governo anunciarão o Plano de Antecipação e Ampliação dos Investimentos Federais, Estaduais e Municipais em Políticas Públicas.