Essa foi a primeira vez que o Congresso analisou a perda de mandato de um parlamentar em votação aberta. Em agosto de 2013, os deputados tiveram outra postura, com votação secreta, e livraram Donadon da cassação.
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Dos 17 que deixaram a Câmara, oito alegaram compromissos no Estado: Zequinha Marinho (PSC-PA), Mario Negromonte (PP-BA), Júnior Coimbra (PMDB-TO), Genecias Noronha (SDD-CE), Manoel Júnior (PMDB-PB), Lael Varella (DEM-MG), Magda Mofatto (PR-GO) e Welignton Roberto (PR-PB).
Varella afirmou que deixou a capital no inÃcio da tarde para uma agenda em Belo Horizonte e retornou para BrasÃlia, mas não conseguiu chegar ao Congresso a tempo da votação.
"Eu tenho muita responsabilidade e sei bem que tinha que cassar o Donadon. Mas eu tive esse compromisso e quando voltei para a Câmara a votação já tinha sido encerrada", disse Varella.
"Agora, eu tinha certeza que iria ocorrer a cassação. Depois do vexame que a Câmara passou no ano passado, isso não iria se repetir de novo", completou.
"Eu sou a favor do voto aberto, não tenho problema nenhum, mas eu tinha esse compromisso partidário", disse.
O temor de perder um voo para Paris onde vai comemorar seu aniversário de 63 nesta sexta-feira (14) fez o deputado Vilmar Rocha (PSD-GO) deixar a Câmara mais cedo sem se manifestar sobre a cassação de Donadon.
Segundo sua assessoria, ele ficou preocupado com o tumulto no trânsito provocado por um protesto do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) que tomou conta ontem da região central da cidade.
Os deputados Anibal Gomes (PMDB-CE), Renato Andrade (PP-MG), Rubens Otoni (PT-GO), Vilmar Rocha (PSD-GO), Paulo Pereira da Silva (SDD-SP) e Amir Lando (PMDB-RO), suplente de Donadon, não foram localizados.
CASSAÇÃO AUTOMÃTICA
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), evitou polemizar com as ausências e com os parlamentares que deixaram a Casa antes da votação.
"Eram presentes na casa desde manhã, não quer dizer que estivessem à noite, mas foi um quórum muito expressivo que sei que o Brasil testemunhou", disse.
Alves desconversou sobre a resistência dos deputados de votaram uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que torna automática a cassação de congressistas condenados na Justiça por crimes de improbidade administrativa ou contra a administração pública.
Se a proposta for aprovada, não será mais necessário, nesses casos, que a Câmara dos Deputados e o Senado votem em plenário o processo de cassação. Ontem, PT, PMDB e PDT pediram vista adiando a votação da proposta em uma comissão especial da Câmara. O texto ficou conhecido como PEC dos mensaleiros.
Dos 513 deputados federais, três não poderiam votar no processo da perda do mandato de Natan Donadon (ex-PMDB-RO) –- duas vagas são de parlamentares licenciados e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, pelo regimento, não vota.
Dos outros 510 congressistas, foram computados 467 votos pela cassação e uma abstenção. Os 42 restantes se dividem em dois grupos: 25 que não apareceram no Congresso e 17 deputados que estavam presentes na Câmara mas não foram ao plenário na sessão que iria decidir a cassação.
CONFIRA A LISTA
na Casa, mas não votaram
Zequinha Marinho (PSC-PA)
Amir Lando (PMDB-RO) –suplente de Donadon
Júnior Coimbra (PMDB-TO)
Anibal Gomes (PMDB-CE)
Genecias Noronha (SDD-CE)
Paes Landim (PTB-PI)
Welignton Roberto (PR-PB)
Manoel Júnior (PMDB-PB)
Colbert Martins (PMDB-BA)
Mario Negro Monte (PP-BA)
Eduardo Azeredo (PSDB-MG)
Lael Varella (DEM-MG)
Renato Andrade (PP-MG)
Rubens Otoni (PT-GO)
Vilmar Rocha (PSD-GO)
Magda Mofatto (PR-GO)
Paulo Pereira da Silva (SDD-SP)