S贸cio de laborat贸rio diz que ex-assessor de Padilha era ponte com pasta da Sa煤de 29/04/2014
- Fausto Macedo - O Estado de S.Paulo
S贸cio do Labogen, Leonardo Meirelles afirmou ontem que o ex-assessor do Minist茅rio da Sa煤de Marcus C茅sar Ferreira de Moura foi contratado pelo laborat贸rio justamente para atuar como lobista em 贸rg茫os do governo federal, em especial na pasta em que trabalhou.
鈥淥 Marcus Moura mantinha os contatos institucionais com o Minist茅rio da Sa煤de鈥, disse Meirelles ao Estado.
O Labogen 茅 apontado pela Pol铆cia Federal como o carro-chefe do esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef.
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O laborat贸rio, controlado pelo doleiro, tentou fechar contrato com o Minist茅rio da Sa煤de durante a gest茫o do ex-ministro Alexandre Padilha para o fornecimento de rem茅dios de hipertens茫o pulmonar no valor de R$ 6,2 milh玫es por ano -- pelo prazo de cinco anos.
A parceria foi desfeita ap贸s a Pol铆cia Federal deflagrar a Opera莽茫o Lava Jato, que desmontou em 17 de mar莽o deste ano o esquema de Youssef e apontou suspeitas sobre os neg贸cios do Labogen, entre outras transa莽玫es do doleiro.
Escutas da Pol铆cia Federal flagraram o deputado licenciado Andr茅 Vargas, que pediu desfilia莽茫o do PT em meio ao esc芒ndalo da Lava Jato, dizendo a Youssef, por meio de mensagem de texto, que Padilha havia indicado o nome de Moura para um cargo de comando no laborat贸rio.
A mensagem interceptada foi enviada ao doleiro em novembro de 2013.
Moura havia trabalhado com Padilha no Minist茅rio da Sa煤de entre maio e agosto de 2011, como assessor de eventos da pasta do governo federal.
Tamb茅m trabalhou na campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010.
Padilha, que 茅 pr茅-candidato do PT ao governo de S茫o Paulo, nega que tenha feito a indica莽茫o.
O Minist茅rio da Sa煤de afirma que nenhum pagamento foi liberado para o Labogen.
Atua莽茫o
Moura passou a atuar no Labogen em dezembro de 2013, segundo Meirelles.
Ele ficava sediado em Bras铆lia, mas com poderes para deslocamentos pelo Pa铆s, em nome do laborat贸rio.
O s贸cio do neg贸cio controlado por Youssef diz que o ex-assessor de Padilha n茫o chegou por indica莽茫o do ex-ministro, mas sim de outro personagem do esc芒ndalo da Lava Jato.
Segundo o s贸cio do Labogen, a indica莽茫o de Moura foi feita pelo fundo GPI Participa莽玫es e Investimentos, controlado por Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo Fernando Collor (1990-1992).
Pedro Paulo, conhecido como PP, 茅 suspeito de integrar o esquema de Youssef.
鈥淓le (Moura) veio atrav茅s desse fundo de investimentos. N茫o tive nenhuma influ锚ncia (na contrata莽茫o) e nenhum contato com o ex-ministro (Padilha). Tive reuni玫es com o Marcus Moura, ele esteve algumas vezes na empresa tomando conhecimento e ci锚ncia das nossas atividades. Eu n茫o o conhecia, nunca o tinha visto鈥, afirmou Meirelles.
O registro em carteira indica que Moura recebia R$ 4,2 mil ao m锚s.
鈥淓le ganhava tamb茅m uma verba para custear viagens e hospedagens. Ap贸s o epis贸dio (deflagra莽茫o da Lava Jato, em 17 de mar莽o), n茫o tive mais contato com o Marcus, outro motivo para que o desligue鈥, disse Meirelles.
Segundo informou o jornal Folha de S.Paulo no domingo, o vencimento real de Moura chegava a R$ 25 mil ao m锚s.
O advogado do s贸cio do Labogen afirma que o trabalho de atua莽茫o do laborat贸rio com o governo realizado pelo ex-assessor de Padilha era leg铆timo.
鈥淭odas as empresas t锚m algu茅m respons谩vel pelas rela莽玫es com o poder p煤blico鈥, disse Haroldo C茅sar Nater, defensor de Meirelles -- o s贸cio do Labogen tamb茅m 茅 acusado de integrar o esquema de lavagem do doleiro.
鈥淣茫o h谩 nada de irregular nesse trabalho. Um grupo de investidores que tem interesse no Labogen disse que ele (Meirelles) precisava contratar uma pessoa que pudesse fazer o papel de rela莽玫es institucionais鈥, disse o advogado.
Diante do esc芒ndalo e da liga莽茫o de seu nome ao do ex-ministro Padilha, Moura deve perder o emprego no laborat贸rio.
鈥淓stou providenciando o desligamento dele, vou comunic谩-lo formalmente at茅 porque n茫o temos mais condi莽玫es de bancar essa despesa鈥, disse Meirelles.
Remessas
O Estado revelou no domingo que o Labogen enviou pelo menos US$ 113 milh玫es para o exterior, segundo a Pol铆cia Federal, por meio de opera莽玫es de fachada.
Na pr谩tica, o laborat贸rio dizia que estava importando insumos para medicamentos, mas na verdade a inten莽茫o era apenas retirar o dinheiro do Pa铆s, segundo os investigadores.
O ex-diretor da Petrobr谩s Paulo Roberto Costa, que assim como Youssef est谩 preso desde mar莽o, tamb茅m 茅 apontado como integrante do esquema que, ao todo, teria lavado R$ 10 bilh玫es.