De acordo com reportagem publicada na segunda-feira pelo jornal Folha de S. Paulo, a presidente Dilma Rousseff assinará nesta semana uma cartilha com diretrizes gerais sobre a segurança do trabalho na Copa.
O documento será divulgado a menos de um mês do inÃcio do torneio.
A cartilha a ser lançada por Dilma (que, na semana passada, visitou o Itaquerão e posou para fotos com um capacete de operário dourado) não terá orientações especÃficas e detalhadas, apenas diretrizes gerais.
O documento pede, por exemplo, que governo, construtoras e sociedade "comprometam-se a tomar medidas que estiverem ao seu alcance" para preservar a segurança dos trabalhadores ligados à Copa.
A divulgação do texto acontece na reta final dos preparativos para o evento, num momento em que a preocupação com acidentes aumenta -- afinal, a pressão para cumprir os prazos acertados com a Fifa pode reduzir a margem de erro e elevar os riscos nas obras, tanto nos estádios como nos outros projetos ligados ao evento, como as reformas dos aeroportos.
Nos preparativos para a OlimpÃada de 2012, em Londres, nenhum operário morreu nos projetos ligados ao evento, realizado com instalações entregues dentro do prazo anunciado pelo governo britânico.
De acordo com a BWI, as obras para os Jogos de Inverno de Sochi-2014 vitimaram pelo menos 60 trabalhadores (o governo da Rússia não divulgou os dados oficiais).
Da mesma forma, não há notÃcias de operários mortos nos estádios preparados para a Copa da Alemanha-2006, mas tanto a Ãfrica do Sul como o Brasil registraram vÃtimas nas novas arenas.
Na Copa passada, foram dois mortos em dez estádios (Dumisani Koyi, de 28 anos, morreu no Estádio Peter Mokaba, em Polokwane, em 15 de agosto de 2008, e Sivuyele Ntlongotya, de 26 anos, foi vÃtima de um acidente no Estádio Green Point, na Cidade do Cabo, em 15 de janeiro de 2009).
O Brasil, com doze arenas, teve sete mortes a mais que a Ãfrica do Sul, onde a segurança do trabalho ainda tem muito a avançar.
A BWI manifestou sua preocupação com o caso brasileiro e já alerta para as condições de trabalho na Rússia, onde uma lei da Copa reduziu os padrões de segurança.
"Se esse estádio não fosse da Copa, os auditores teriam paralisado a obra. Estamos fazendo de conta que não vemos algumas coisas irregulares", afirmou Medeiros.
O ex-sindicalista afirmou ainda que o ministro do Trabalho, Manoel Dias, foi informado da situação.
"Falei com o ministro e ele deu respaldo. Estamos fazendo de conta que não estamos vendo."
Medeiros deu essas declarações depois que Fabio Hamilton da Cruz, de 23 anos, caiu enquanto trabalhava na montagem das arquibancadas provisórias do Itaquerão.
O operário não estaria totalmente capacitado para esse trabalho.