Governo quer intervir no futebol brasileiro, revela Aldo Rebelo 11/07/2014
- Jamil Chade e Ronald Lincoln Jr. - O Estado de S. Paulo
Ministro do Esporte afirma que mudanças na administração esportiva eram necessárias mesmo antes de derrota alarmante da seleção.
Dois dias depois da humilhação do Brasil na Copa, o governo anuncia que quer assumir parte das funções de legislar sobre o futebol, exige mudanças na estrutura do esporte e rejeita a ideia de que a CBF pode, sem participação estatal, administrar o setor.
A Fifa proÃbe que governos promovam qualquer intervenção nas federações nacionais, sob a ameaça de expulsar o paÃs das Copas. Mas BrasÃlia estima que existe espaço para agir.
"Se depender de mim, não terÃamos tirado o estado completamente dessa atribuição. Se depender de mim, parte dessa atribuição deve voltar", defendeu Aldo Rebelo.
Ele garante que o governo não quer nomear cartolas. "Mas o Estado não pode ser excluÃdo da competência de zelar pelo interesse público dentro do esporte", insistiu. "Dirigentes passaram a administrar o futebol sem qualquer atuação do estado. Queremos retomar algum tipo de protagonismo no esporte. Não para indicar interventor. Mas para preservar o interesse nacional e o interesse publico", disse.
"O futebol brasileiro precisa de fato de mudanças. A derrota para a Alemanha evidencia essa necessidade", afirmou o ministro, que chamou a goleada de "lição". "Precisamos adotar medidas para erradicar os motivos do vexame de nosso futebol", insistiu.
"DeverÃamos fazer esforço para elevar a qualidade da gestão dos clubes", disse. "Algumas dessas propostas estão sendo discutidas na legislação, que está tramitando no Congresso. Queremos que os clubes assumam responsabilidades em relação à gestão. Que tenhamos condições de apoiar financeiramente esses clubes. São poucos que tem condições de recorrer à lei de incentivo ao esporte", declarou.
Aldo ainda quer tratar das finanças dos times. "Queremos que os clubes façam uma renegociação da dÃvida, mas com duplo compromisso, de pagar a divida passada e a futura. E sem atraso no pagamento de atletas", defendeu.