Indicado pelo PT usa Correios para pedir votos em MT 08/10/2014
- Laryssa Borges - Veja.com
Na noite de terça-feira, 23 de setembro, o diretor regional dos Correios de Mato Grosso, Nilton do Nascimento, reuniu a cúpula da empresa e funcionários do setor administrativo a portas fechadas, no Hotel Mato Grosso Palace, em Cuiabá.
Horas antes, o espaço havia sido reservado em nome da autarquia para que Nascimento pudesse colocar diante dos seus colegas de trabalho e subordinados o candidato ao governo pelo PT, Lúdio Cabral, e o deputado estadual que tentava novo mandato Ademir Brunetto (PT).
Os dois puderam expor livremente suas propostas e explicar como, segundo eles, os doze anos de governo Lula e Dilma Rousseff (PT) foram bons para a categoria.
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Depois daquela reunião, Nilton do Nascimento, filiado PT, decidiu enviar cartas em tempo recorde para eleitores do estado pedindo votos para a dupla petista e para dois outros candidatos: o deputado federal Ságuas Morais (PT) e a presidente-candidata Dilma Rousseff.
No último domingo, Ságuas foi reeleito com mais de 97.000 votos. O candidato ao governo, Lúdio Cabral, perdeu no primeiro turno para o governador eleito Pedro Taques (PT). Ademir Brunetto não conseguiu se eleger.
Dois dias depois da reunião no hotel em Cuiabá, Nilton Nascimento disparou cartas para funcionários dos Correios pedindo voto para os quatro candidatos -- Dilma Rousseff incluÃda.
Na capital, Nascimento utilizou, sem autorização, o banco de dados dos Correios para saber onde cada funcionário atuava e pode enviar -- nominalmente -- os pedidos de voto.
Mais: cada correspondência foi despachada ao custo de 60 centavos -- preço menor do que o praticado, conforme a tabela dos Correios, que prevê 1,30 real por unidade.
“Uma pessoa comum não conseguiria ter feito aquilo, enviar cartas em tempo recorde e ainda usar o cadastro de funcionários. É um privilegio postar correspondências por menos da metade do preçoâ€, disse ao site de VEJA o presidente do sindicato da categoria, Edmar Leite.
Nilton do Nascimento admite ter enviado 670 cartas. Em Cuiabá e Várzea Grande, por exemplo, todos os mais de 500 carteiros receberam o pedido de votos.
Em nota, Nascimento negou irregularidades, disse que pagou do próprio bolso o envio das correspondências e afirmou que os pedidos de votos ocorreram “na condição de cidadãoâ€.
“Não houve operação especial para a entrega e os objetos seguiram o fluxo postal previsto para esta modalidade de serviçoâ€, disse.
O tucano contratou o serviço de mala direta postal domiciliária para a distribuição de 5.634.000 de cartas, mas nem todas as correspondências foram entregues.