STF rejeita pedido de prisão de Renato Duque 10/02/2015
- Laryssa Borges - Veja.com
Por unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira manter em liberdade o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, apontado pelos investigadores da Operação Lava Jato da PolÃcia Federal como um dos principais arrecadadores de propina do PT.
Relator dos processos da Operação Lava Jato no STF, Zavascki havia concedido liberdade a Duque em dezembro por considerar que não era legÃtimo manter o investigado preso preventivamente com base em argumentos de que, em liberdade, ele poderia fugir para o exterior.
Nesta terça, os três ministros que participaram do julgamento consideraram que o juiz Sergio Moro, que decretou a prisão preventiva, não apresentou justificativas suficientes para embasar a prisão.
“É verdade que sobejam elementos indicativos da materialidade de crimes graves, não há dúvida quanto a isso, mas não houve indicação de atos concretos que demonstrem a intenção de [Duque] furtar-se à lei penal. Manter valores ilegais no exterior não são motivos suficientes [para a prisão preventiva]â€, disse Teori Zavascki.
Segundo o magistrado, para que seja decretada a prisão preventiva, não são suficientes indÃcios da autoria do crime.
Em acordo de delação premiada, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, braço direito de Renato Duque na Petrobras, disse que o pagamento de propina na petroleira envolveu noventa contratos de obras de grande porte entre a estatal, empresas coligadas e consórcios de empreiteiras.
Os contratos estavam vinculados às diretorias de Abastecimento, Gás e Energia e Exploração e Produção.
No rateio da propina, era cobrado 2% do valor do contrato, sendo que 1% era administrado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, e o outro 1% era repartido entre o PT e diretores da Petrobras, incluindo Renato Duque e Jorge Zelada, da Ãrea Internacional da petroleira.
No acordo, Barusco destinou valores de futuras propinas para o ex-chefe, já que, no acordo do chamado Clube do Bilhão, diversas empresas ainda precisavam confirmar o pagamento de dinheiro na trama criminosa.
A participação de Renato Duque no esquema de cobrança de propina na Petrobras foi amplamente detalhada às autoridades da Lava Jato, em especial em acordos de delação premiada.