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Subsidiária de estatal pagou R$ 3 mi a Collor, diz doleiro
24/02/2015 - ESTELITA HASS CARAZZAI, FLÁVIO FERREIRA E CATIA SEABRA - FOLHA DE S.PAULO

O doleiro Alberto Youssef afirmou a procuradores que investigam o esquema de corrupção na Petrobras que o senador e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTB-AL) recebeu propina de R$ 3 milhões resultante de negócio da BR Distribuidora, subsidiária da estatal.

Segundo o doleiro, a operação com a BR Distribuidora foi intermediada por um emissário de Collor e do PTB, o empresário e consultor do setor de energia Pedro Paulo Leoni Ramos. Nessa ocasião, segundo Youssef, Ramos trabalhou como um operador do esquema, intermediando suborno.

PP, como Ramos é conhecido, é amigo do senador desde a juventude. Foi ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos no governo Collor (1990-1992) e é dono de uma empresa de consultoria que também fazia negócios com Youssef, a GPI Participações e Investimentos.


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De acordo com Youssef, a propina resultou de um contrato no valor de R$ 300 milhões assinado em 2012 entre uma rede de postos de combustíveis de São Paulo e a BR Distribuidora.

O negócio era para que a rede deixasse uma marca de combustíveis e passasse a integrar o grupo de revendedores da BR Distribuidora.

Em contratos regulares de troca de marca, em geral a empresa distribuidora dá um incentivo para que o posto de gasolina mude de bandeira. A ajuda serve para financiar obras e melhorias na rede.

Em 2012, foi nesse tipo de operação que teria sido negociada a propina no valor de 1% do total do contrato, o que corresponde a R$ 3 milhões.

O valor, segundo Youssef, foi arrecadado nos postos, em dinheiro vivo, em três parcelas de R$ 1 milhão, e depois repassado a Leoni. O dinheiro era destinado a Collor, afirma o doleiro.

De acordo com o delator, todos sabiam que Leoni era um emissário do senador.

Em seu depoimento, Youssef não detalhou como a propina teria chegado a Collor. Ele também não apontou nomes de diretores da BR Distribuidora que estariam envolvidos no esquema.

O depoimento de Youssef à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba foi feito entre outubro e novembro de 2014.

Neste mês, o doleiro prestou novo depoimento sobre Collor, desta vez à Procuradoria-Geral da República, para dar mais informações sobre a suposta participação do ex-presidente no esquema de corrupção.

Em outro depoimento que prestou aos procuradores, Youssef disse que, em maio de 2013, mandou entregar R$ 50 mil em dinheiro vivo no apartamento de Collor em São Paulo. O senador nega a acusação.

A entrega teria sido feita por um dos emissários do doleiro, Rafael Ângulo Lopes, que também firmou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato.

O PTB, partido do qual Collor é atualmente líder no Senado, tinha dois diretores na BR Distribuidora: José Zonis, na área de Operações e Logística, e Luiz Claudio Caseira Sanches, na Diretoria de Rede de Postos de Serviço.

Eles permaneceram na estatal entre 2009 e 2013. Zonis foi uma indicação direta do senador, segundo a Folha apurou; Sanches, do partido.

Ramos também é alvo de investigações da força-tarefa da Lava Jato em razão do repasse de R$4,3 milhões que uma de suas empresas fez à companhia MO Consultoria, de Youssef.

As autoridades também apuram negociações feitas entre Ramos e Youssef ligadas ao setor elétrico e ao laboratório Labogen, suspeito de integrar o esquema de fraudes do doleiro.


  

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