Corte de verba deixa universidades sem limpeza, transporte e aulas 14/03/2015
- MARCELO TOLEDO - FOLHA DE S.PAULO
Estudantes sem dinheiro para transporte, falta de medicamentos em hospitais, redução do serviço de limpeza e atraso no inÃcio das aulas.
A crise nas universidades federais se agravou depois do corte de um terço das verbas mensais pelo governo Dilma Rousseff -- conforme decreto publicado em janeiro.
Com isso, virou rotina, segundo alunos, docentes e servidores ouvidos pela Folha, a falta de insumos em laboratórios. Instituições como a UFMG (federal de Minas Gerais) atrasaram pagamentos de contas de água e energia.
"Algumas sofrem menos, mas todas tiveram problemas, sem exceção. É desesperadora a situação da UFMG", diz Rolando Rubens Malvaso Junior, diretor da Fasubra (entidade de servidores).
À Folha foram relatados problemas ainda em federais de Rio, São Paulo, BrasÃlia, Uberlândia, Bahia, Goiás, Campina Grande, Uberaba e Sergipe.
Houve casos, segundo a Fasubra, de "rodÃzio" de dÃvidas -- ora paga a água, ora a energia, para evitar cortes.
Em protesto, anunciaram paralisação de uma semana a partir de segunda-feira (16).
Já na Unifesp de Diadema (ABC paulista) as restrições orçamentárias interromperam a rotina de poda, resultando em mato alto e proliferação de pernilongos.
"Levei umas cinco picadas de mosquito só no primeiro dia [de aula]. Depois comecei a passar repelente", diz a aluna de farmácia MarÃlia Famelli, 23.
Em Uberlândia, segundo servidores, os problemas começaram no final do ano, com atraso no 13º, e levaram ao cancelamento de cirurgias no hospital universitário.
Em Campina Grande (PB), cinco obras foram adiadas e alunos que precisam de auxÃlio moradia e transporte estão com subsÃdios atrasados.
A instituição deixou de receber R$ 20 milhões (20% do previsto) de novembro a dezembro.
Por meio de sua assessoria, o MEC informou que está "em diálogo permanente" com as universidades para "trabalhar em parceria e esclarecer eventuais dúvidas".
Sobre os problemas na UFMG, como a falta de medicamentos, o reitor Jaime Arturo RamÃrez disse que o decreto do governo que alterou a forma de repasse agravou as dificuldades que já existiam em novembro e dezembro, quando houve redução de R$ 30 milhões da verba.
A respeito da poda de vegetação na Unifesp de Diadema, a direção da unidade reconhece a "situação crÃtica" e diz que tomou medidas para a contratação do serviço.