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PT ataca velhos e novos inimigos, mas continua sem rumo
14/06/2015 - Gabriel Castro - Veja.com

O Congresso do PT que se encerrou ontem em Salvador teve aplausos a investigados por corrupção, ataques à imprensa e bravatas do ex-presidente Lula.

Como novidade, apenas a constatação de que o partido está em uma grave crise e não faz ideia de como sair dela.

"Estamos vivendo um momento muito difícil e delicado", declarou o ex-presidente Lula na sexta-feira.


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O documento final aprovado pela sigla, bem mais ameno do que se pretendia, também reconhece a situação.

Enfraquecido pelas investigações da Lava Jato e pela baixa popularidade da gestão Dilma Rousseff, o PT transformou a política econômica do governo em alvo principal de suas críticas no congresso.

Os grupos mais radicais pediam a cabeça do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Mesmo nas alas mais pragmáticas, as queixas eram audíveis.

Metade da bancada do PT na Câmara, por exemplo, subscreveu um documento atacando o ajuste fiscal implementado por Dilma.

"Este reposicionamento adota políticas de caráter recessivo, com aumento de juros que provoca desaceleração econômica e desemprego", diz a carta.

Na abertura do congresso, um grupo da juventude petista chegou a gritar palavras de ordem contra a política econômica do governo.

No documento final, porém, as críticas ficaram bem mais brandas:

"É preciso conduzir a orientação geral da política econômica para a implementação de estratégias para a retomada do crescimento e a defesa dos direitos dos trabalhadores", diz o texto.

Mas a insatisfação é explícita. "Houve crítica, sim, a aspectos da política econômica, embora não personificando criticas em algum ministro ou à presidente Dilma", afirmou o presidente da sigla, Rui Falcão, após o encerramento do congresso.

Para o governo, o dilema é de difícil solução. Se fizer o que precisa para recuperar a economia, a presidente Dilma Rousseff terá de intensificar o aperto nas contas públicas e contrariar ainda mais os petistas.

Se fizer o que querem os petistas, pode retomar o apoio dos correligionários mas deixará a economia ainda mais perto do precipício.

Dilma Rousseff alterou seu cronograma de viagens para ir à abertura do congresso, na quinta-feira (em princípio, ela só apareceria no encerramento).

A presidente dedicou praticamente todo o seu discurso de quase uma hora de duração à defesa do ajuste fiscal e à tentativa de convencer os petistas de que a melhor saída para o crescimento do país é aquilo que os petistas mais rebeldes apelidaram de Plano Levy -- atribuindo ao ministro da Fazenda decisões que só podem partir da presidente da República.

A presidente, que entrou no palanque ao lado de Lula para não ser vaiada, recebeu uma recepção fria da militância.

Tampouco no campo da corrupção o PT parece ter encontrado uma saída.

A única medida prática tomada pelo partido depois do escândalo do petrolão foi anunciar que passaria a rejeitar o financiamento empresarial de campanha. Mas nem isso subsistiu.

A ala majoritária do partido manobrou para impedir que o tema fosse objeto de deliberação no Congresso. Agora, a disposição deve ser enterrada pelo diretório petista.

Para a crise na base aliada no Congresso, a solução defendida por muitos petistas foi o rompimento com o PMDB.

Mesmo os defensores da aliança admitiram a fragilidade da parceria.

"É claro que a coalizão presidencial está em crise, mas um momento como esse é o momento de acumular força para em 2018 nos elegermos Lula presidente do Brasil", disse o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE).

A proposta do rompimento com o partido do vice-presidente Michel Temer não foi incorporada ao texto final do encontro.

A convenção foi menor e menos triunfalista do que as anteriores.

Há um ano, a essa altura, a presidente Dilma ainda bradava contra os "pessimistas" que insistiam em ver uma crise econômica a caminho.

Desta vez, ficou difícil disfarçar. O país vai mal e o PT, ainda pior.


  

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