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Curto&Grosso O que ainda será manchete

DE ÚLTIMA!

Até quando teremos apenas os restos de Cuiabá?
25/07/2015 - Gerdine Sanson*

No último dia 17 de julho, uma sexta-feira, recebi um email de meu instituto com o seguinte teor:

“A Gerência de Administração e Planejamento está solicitando que quem tenha microscópio para arrumar entre em contato urgente com 'x', visto que a empresa virá à Sinop na próxima semana.â€

Em outro email relacionado ao mesmo tema, enviado no dia 20 de julho, segunda-feira:


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“Pedimos desculpas quanto ao curto prazo, entretanto justificamos que somente tivemos uma definição sobre os serviços no final da tarde da última sexta-feira. Reforçamos a importância na entrega dos equipamentos, tendo em vista que não temos previsão de novas manutençõesâ€.

Esses e-mails tiveram uma importância imediata e imensa para mim, professora de primeiro semestre com turmas grandes e falta crônica de microscópios.

Desde que passei a ser servidora da UFMT, há 6 anos, nunca foi realizada a manutenção de um microscópio sequer.

Novos aparelhos chegaram, o que permitiu que as aulas práticas continuassem, mas os que eventualmente apresentaram algum defeito que não pôde ser consertado foram sendo encostados, até chegarem a ocupar uma bancada inteira dos laboratórios que utilizo, como se fossem uma espécie de decoração relacionada ao “Laboratório de Microscopiaâ€.

Imediatamente reorganizei minhas atividades e priorizei os procedimentos solicitados para encaminhar os microscópios para conserto.

Procurei o setor responsável, o STI, o que por si só já demonstra uma certa precariedade com a atenção aos equipamentos de laboratório, para saber se deveria levar os equipamentos até eles, ou se o serviço técnico é que iria aos laboratórios.

Fui informada de que deveria entregar os equipamentos no setor, e assim o fiz, na data de 22 de julho.

Eu tinha um total de quarenta aparelhos necessitando de manutenção, e o otimismo era tal que mesmo com o auxílio de poucos, tendo que transportar os aparelhos em condições questionáveis -- meu carro -- e fazer isso debaixo do sol de Mato Grosso a toque de caixa por conta do prazo exíguo, fiz de boa vontade.

Faria de todos os laboratórios se tivesse tempo e energia, pois devo ser a professora que mais reclama da falta de manutenção destes equipamentos, e acho que quem reclama deve ser o primeiro a se prontificar em cooperar com a resolução do problema.

No entanto, não pude deixar de refletir sobre a falta de cuidados com os equipamentos, que tinham de ser deixados no chão, e por serem equipamentos utilizados para manipular material biológico desconhecido dos servidores da Tecnologia da Informática, permaneciam no local gerando um imenso desconforto e uma certa insegurança para os mesmos.

Tive que tirar umas fotos, documentar o que eu estava vendo, tal a tristeza que me deu.

Não que nossos microscópios sejam caríssimos, mas e se fossem?

Não sou eu quem ensina no início do curso que não importa o valor de um equipamento, a responsabilidade do profissional deve ser a mesma?

E eu estava transportando os aparelhos no carro e largando-os no chão... mas tudo bem, ou era assim ou seriam mais 6 anos talvez sem manutenção de microscópios.

Junto dos computadores havia projetores apinhados, caixas de computador, vários equipamentos de laboratório quebrados e sem conserto (já tendo ido e voltado de Cuiabá), e os microscópios no chão.

Pensei em perguntar pro meu colega se não seria bom colocar uma planta ali, mas achei que ele consideraria ser deboche.

E aí vem a parte final, que me provocou a tal ponto de eu pedir este espaço para escrever o que aconteceu, ou publicar de alguma forma o ocorrido.

Na tentativa de saber se eu poderia acompanhar a equipe técnica que virá ao campus consertar os aparelhos, fiquei sabendo que na verdade não serão todos os equipamentos que poderão ser consertados, pois na verdade estamos utilizando uma “sobra de ata de manutenção de Cuiabáâ€.

O número possível de consertos é limitado, e só alguns microscópios de cada laboratório serão consertados.

Fiquei tão pasma que emudeci.

Dos quarenta que eu trouxe, do laboratório pro carro, do carro pra o setor de informática, debaixo do sol, um dia inteiro de trabalho, quantos serão?

Uns dez talvez, avaliando o mar de microscópios no chão da STI.

Penso em quantos professores nem trouxeram seus equipamentos pois, diferentemente de mim, já sabiam que seria assim, esse desrespeito, falta de caso, desconsideração e por aí vai.

Lembro de quando enviamos equipamentos para Cuiabá que voltaram quebrados muito tempo depois.

E quando a gente começa a lembrar, lembra muita coisa...

Até quando teremos que dar conta de administrar nossas atividades com os restos de Cuiabá?

Ou sem nada, quando não sobra?

Espero que alguém que leia esse texto possa se colocar no meu lugar e perceber porque eu gostaria tanto que o campus de Sinop não fosse mais subordinado a Cuiabá.

As fotos eu vou guardar, desse 22 de julho de 2015, pois sei que a esperança que senti de manhã foi tão legítima quanto a tristeza do fim do dia.

Dia de marcha em Brasília e eu tive a minha marcha em Sinop.

Quem sabe um dia teremos um setor de manutenção de equipamentos de laboratório, quem sabe poderemos trabalhar com mais eficiência e eficácia e nos sentir respeitados como profissionais; 22 de julho já está acabando e eu lembro de 2012, tantas esperanças e tão pouco mudou.

Nesse momento, eu como servidora pública e professora de uma universidade federal me sinto um daqueles microscópios que larguei no chão da sala.


...

*Gerdine Sanson, professora no Campus de Sinop. Artigo publicado no Informativo nº 134/2015 da Associação dos Docentes da UFMT - ADUFMAT

  

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