O BNDES e a Odebrecht sempre deram a mesma resposta: que 100% do dinheiro investido não saiu do Brasil, ficando aqui na forma de pagamento de salários, de custos de engenharia e administração e de exportação de bens (cimento, aço, máquinas, carros, etc) destinados à construção.
Um levantamento realizado por VEJA, a partir da análise da balança comercial Brasil-Cuba, revela o abismo entre as explicações do presidente do BNDES e os números oficiais disponÃveis.
Para isso, baseou-se na referência utilizada pelo TCU para os empreendimentos no Brasil.
Para calcular a relação dos custos dos serviços de engenharia e arquitetura, o tribunal se vale de uma pesquisa da Associação Brasileira de Consultores de Engenharia que montou uma tabela a partir das informações fornecidas por seus associados.
Segundo a experiência auferida no Brasil, quanto maior o valor da obra, menor o impacto do preço dos projetos em seu custo final.
Em uma obra como a de Mariel, esse percentual seria de cerca de 3,5% do valor do orçamento (ou seja, 3,5% sobre os quase 1 bilhão de reais do total da obra).
Serão convidados a depor nas próximas sessões três ex-presidentes que comandaram a instituição desde 2003 -- Carlos Lessa, Guido Mantega e Demian Fiocca.
A CPI do BNDES foi instalada no inÃcio de agosto para investigar os contratos firmados pelo banco nos últimos doze anos.
Somente em projetos de infraestrutura em onze paÃses, o BNDES destinou mais de 12 bilhões de dólares, no perÃodo.
Angola, Venezuela e República Dominicana foram beneficiadas com cerca de 66% do total.
Em junho, o banco publicou na internet informações sobre as taxas de juros e os prazos de pagamento de cada um dos 516 contratos firmados com onze paÃses.
A abertura parcial dos dados sequer resvalou no nÃvel de transparência necessário para as operações.