Conselho de Ética encerra sessão sem votar relatório sobre Cunha 01/12/2015
- Nathalia Passarinho - G1 BrasÃlia, Ã s 20:47
Após seis horas de reunião, o Conselho de Ética encerrou reunião desta terça-feira (1º) sem votar parecer do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) pela continuidade do processo que investiga o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por suposta quebra de decoro parlamentar.
Aliados do peemedebista manobraram para postergar o inÃcio da votação, apresentando questionamentos ao presidente do conselho e iniciando discussões.
Por volta das 20:30, começou a sessão de votação do plenário do Congresso, o que impede a deliberação em qualquer comissão da Câmara e do Senado.
Durante a tarde, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que orientou os três a votar contra Cunha.
No entanto, ao deixar a reunião do Conselho de Ética eles disseram que ainda não decidiram como será o voto e destacaram que não houve uma “ordem†do partido.
“Rui expressou uma opinião. Não houve uma determinação. Ainda estamos avaliando. Queremos ouvir todas as argumentações. Cada deputado está formando o convencimento. Claro que vamos ouvir o Rui Falcão, mas não houve uma ordem partidáriaâ€, afirmou ao G1 o deputado Valmir Prascidelli (PT-SP), que integra o Conselho de Ética.
Mas deputados próximos do presidente da Câmara compareceram em peso à comissão e fizeram o possÃvel para inviabilizar a votação apresentando reiterados questionamentos ao presidente do Conselho de Ética.
O deputado Wellington Roberto (PR-PB) chegou a protocolar um voto alternativo ao parecer de Pinato, no qual defende que o processo se encerre e seja aplicada de imediato uma punição mais branda a Cunha -- uma censura pública escrita.
A proposta foi criticada pelo relator e deputados defensores da continuidade do processo de Cunha.
Para eles, não pode haver um voto em separado que defenda o arquivamento do processo, ou seja, a inadmissibilidade, e ao mesmo tempo uma punição.
O presidente do Conselho de Ética anunciou que o colegiado só analisará voto alternativo se for derrubado o parecer de Pinato pela admissibilidade do processo de Cunha.
"Fura fila"
Por pelo menos uma hora e meia, os deputados aliados do presidente da Câmara conseguiram paralisar o andamento da reunião com uma discussão sobre o fato de o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) ter supostamente “furado a fila†na entrada do plenário para registrar presença.
No caso de ausência de um titular, pode votar um dos suplentes da comissão, pela ordem de chegada à reunião.
Onyx respondeu dizendo que os computadores estavam liberados e que os demais parlamentares não registraram presença logo que entraram porque não quiseram.
“Vou exercer o meu direito de votar na ausência de algum titular. E já adianto que defenderei a continuidade do processoâ€, disse.
“O Conselho de Ética não pode agir de ofÃcio. Se quiser, pode representar contra o deputado. Eu não tenho capacidade para intervir no sistema da Casa, então vai valer o que está ali [o registro do suplente que primeiro firmou presença]â€, disse.
Após a apresentação da defesa, aliados de Cunha voltaram a tentar impedir a votação do relatório de Fausto Pinato.
O deputado Hugo Motta (PMDB-PE), próximo do presidente da Câmara, sustentou que a deputada Eliziane Gama (REDE-MA) não poderia votar porque foi eleita para o colegiado por indicação do bloco do PSDB-PPS-PSB, quando estava filiada ao PPS.
Eliziane já declarou abertamente que votaria pela continuidade do processo de Cunha, por isso a intenção de Hugo Motta de impedir que ela votasse.
Marcelo Nobre sustentou que não existe lei no Brasil que obrigue declarar à Receita Federal contas no exterior administradas por trustes -- entidade legal existente em alguns paÃses e que serve para administrar bens em nome de uma ou mais pessoas.
Fausto Pinato rebateu a defesa feita por Marcelo Nobre dizendo que a aprovação do parecer preliminar não depende de provas, mas sim de indÃcios.
Ele destacou que as provas serão produzidas com as investigações e pediu que os integrantes do Conselho de Ética pensem nos “200 milhões de brasileiros†que esperam uma resposta do colegiado.
“Peço que coloquem a mão em vossas consciências. Não para prejulgar. Apenas para termos o direito de apurar a verdade. Existem 200 milhões de brasileiros lá fora que esperam isso de nós. Se ao final ficar comprovado ou tiver a dúvida, vamos pedir a absolviçãoâ€, afirmou.