Congresso aprova Orçamento de 2016 prevendo receitas da CPMF 18/12/2015
- CRISTIANE JUNGBLUT - O GLOBO
Depois de aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016, o Congresso aprovou ontem o Orçamento da União de 2016, já com o impacto de uma meta fiscal de R$ 24 bilhões para a União e de R$ 30,55 bilhões (0,5% do PIB) para o setor público consolidado (União, estados e municÃpios) e com receitas ainda incertas, como da CPMF.
O Orçamento, que em seu total chega a R$ 3 trilhões, prevê receitas infladas para fazer frentes às despesas, como R$ 10,15 bilhões da CPMF.
A oposição criticou a inclusão da CPMF e pediu sua retirada, mas foi derrotada em votação simbólica.
PUBLICIDADE
A votação rápida foi comandada pelo segundo vice-presidente do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Por pressão do governo e para fechar as contas, o Orçamento levou em conta uma receita de R$ 10,15 bilhões da CPMF partir de setembro, já descontado o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), que será reduzido. A arrecadação bruta será deR$ 12,7 bilhões.
Para marcar posição, já que a proposta foi elaborada em acordo entre governo e oposição, o PSDB apresentou destaque para retirar a CPMF, mas que foi derrubado em votação simbólica.
— Temos que deixar esse registro sobre a CPMF - disse o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG).
O relator-geral do Orçamento, deputado Ricardo Barros (PP-PR), defendeu a rejeição do destaque do PSDB.
— Temos algumas receitas no Orçamento que considero arriscadas, mas ainda assim considero um Orçamento muito melhor do que nos anos anteriores. O congresso se dedicou a analisar com mais precisão - disse Ricardo Barros.
O deputado Danilo Forte (PSB-CE) deixou claro o acordo.
— Somos contra, mas não vamos obstruir - disse Danilo Forte.
O projeto final reflete cortes anunciados em setembro e outras ginásticas orçamentárias para atender a pedidos de parlamentares, como mais verbas para a Saúde.
O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), comemorou a aprovação da LDO e do Orçamento nos prazos.
— O Congresso foi propositivo. Fizemos a nossa parte. Espero que 2016 seja o ano da virada. E achei boa a meta de 0,5% do PIB, para um Orçamento o mais realista possÃvel - disse Renan.
A previsão de arrecadação inclui receitas ainda inexistentes, como a CPMF, que ainda não existe. O Orçamento foi aprovado em votação simbólica, depois que governo e oposição fecharam acordo na quarta-feira, em votação na Comissão Mista de Orçamento (CMO).
O Orçamento manteve a verba original do programa Bolsa FamÃlia de R$ 28,2 bilhões, anulando o corte de R$ 10 bilhões anunciados na semana passada pelo relator-geral do Orçamento, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
O Orçamento da União em 2016 chega a R$ 3 trilhões, sendo R$ 2,06 trilhões do Orçamento Fiscal e da Seguridade e ainda R$ 96,8 bilhões para o orçamento das estatais e o restante para refinanciamento da dÃvida pública. Para fechar as contas, a CMO encontrou uma arrecadação extra de R$ 39,5 bilhões, com revisões de receitas encaminhadas pelo próprio governo.
O Orçamento da União chegou ao Congresso com um rombo de R$ 30,5 bilhões. A medida foi mal recebida pelo mercado. Para reverter o rombo de R$ 30,5 bilhões no Orçamento , o governo cortou despesas em R$ 26 bilhões, mas o relator só aceitou o cancelamento de R$ 21 bilhões.
As despesas com pessoal e encargos sociais da União (Executivo, Legislativo e Judiciário) totalizarão R$ 277,55 bilhões em 2016. Segundo o Orçamento da União aprovado nesta quinta-feira pelo Congresso, houve uma redução de R$ 10,5 bilhões nas despesas iniciais de R$ 287,55 bilhões.
O Anexo V do Orçamento, onde estão previstas as despesas com contratações e reajustes, teve cortes. Ricardo Barros fixou em R$ 8,09 o valor para reajustes salariais em 2016 _ quando o original era de R$ 15,8 bilhões, e em R$ 362,7 milhões para preenchimento de cargos, quando eram R$ 1,9 bilhão.
CONTROLE DO PAC
O governo conseguiu aprovar o Orçamento. Mas o relator, deputado Ricardo Barros (PP-PR), conseguiu aprovar no texto uma regra mais rÃgida para o remanejamento de verbas pelo governo, engessando um pouco a gestão.
Pela proposta, o governo poderá remanejar (trocar de uma ação para outra) livremente 10% do valor global dos gastos, atualmente são 20%. No caso doPrograma de Aceleração do Crescimento (PAC), o remanejamento não poderá ser no valor total e sim apenas dentro de cada obra.
EMENDAS PARLAMENTARES
Os parlamentares terão direito a R$ 9,09 bilhões em emendas individuais, conforme a regra do Orçamento Impositivo. Isso dará uma cota de R$ 15,3 milhões para cada um dos 513 deputados e 81 senadores.