Nova gestão da Arena AM revela perda de R$ 7,3 mi em 2015 09/01/2016
- Marcos Dantas - GloboEsporte.com
A Secretaria de Estado de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel) divulgou os dados oficiais de arrecadação e despesas da Arena da Amazônia em 2015 e o prejuízo é ainda maior do que se imaginava, na época em que a extinta Fundação Vila Olímpica (FVO), órgão também do Governo do Estado, mantinha os números atualizados protegidos à sete chaves.
A estimativa antiga era de que o prejuízo girasse em torno de 5 milhões, mas de acordo com o secretário-executivo da Sejel, Ricardo Marrocos, os gastos com manutenção foram de R$ 8.046.914,76, contra uma arrecadação de R$ 694.085,50, o que representa um prejuízo de R$ 7.352.829,26.
Os números confrontam ainda o valor de arrecadação divulgado pela FVO em dezembro de 2015, que era de R$ 719.881,00 e aparece menor no dado divulgado pela nova gestora.
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De acordo com Marrocos, a Sejel já está colocando em prática planos de ação para tentar reduzir os custos de manutenção e fazer o palco de quatro jogos da Copa do Mundo de 2014 se tornar autossustentável e, principalmente, conter o prejuízo milionário que o estádio está causando ao estado.
- Já estamos realizando reuniões a respeito dos recursos humanos da arena, com o objetivo de enxugar gastos com manutenção, segurança e até despesas fixas, como energia elétrica, por exemplo. O objetivo é de que com essas ações, o custo com manutenção caia em torno de 10%. Para arrecadar mais, vamos buscar trazer mais eventos, tanto para o espaço Podium (área externa) quanto para as demais áreas ociosas. Nossa vontade é que em 2016, o estádio, pelo menos, consiga se sustentar sozinho - afirmou.
Porém, Ricardo Marrocos acredita que o carro chefe ainda precisa ser o futebol, uma vez que o estádio foi construído com este objetivo.
- Na manhã de hoje (ontem) tive uma reunião com o presidente Dissica [Valério Thomaz, presidente da Federação Amazonense de Futebol (FAF)], para discutirmos formas de o futebol local utilizar mais o estádio. Foi uma primeira reunião, e é claro que ainda é cedo para falar em jogos, mas mostramos a vontade do governo em trazer mais jogos para Arena, e dialogar com a CBF [Confederação Brasileira de Futebol] através da federação local, com o objetivo de realizar partidas de clubes do Rio de Janeiro e São Paulo, amistosas ou não, que atraiam um público interessante - revelou.
Neste ponto, o objetivo ainda esbarra em uma dificuldade que surgiu em 2015. Isso porque a CBF deu aos clubes o poder de questionar partidas com mando de campo vendido. A medida acabou afugentando empresários que tinham intenção de levar jogos para a arena, uma vez que os visitantes estariam cobrando valores para aceitar que os mandos fossem alterados.
- Os clubes profissionais agiram junto à CBF, que baixou uma circular determinando que só poderia haver mudança de mando de campo caso o clube que seria o visitante aceitasse. Aí eles começaram a cobrar certos valores para "concordar", e isso inviabilizou os jogos que estávamos planejando para Manaus em 2015 - afirma o presidente da FAF, Dissica Valério Tomaz.
O secretário-executivo da Sejel afirmou ainda que a possibilidade de privatização, que teria sido negociada na gestão FVO, atualmente encontra-se mais distante da realidade, uma vez que nenhuma proposta concreta chegou ao governo.
- Neste momento não há nada de concreto sobre isso, pois o governo não tem uma definição quanto a esse assunto. Houve sondagens de concessionárias que administram estádios do Brasil e até da Europa, mas nada caminhou. O momento do país é ruim para isso. Existem concessionárias que administram estádios no centro do país, com futebol local na elite, e que estão desesperadas porque os mesmos estão dando prejuízo. Então o foco neste momento é a redução de despesas e na autossustentabilidade da Arena - explicou.
No dia 24 de maio, o estádio será entregue ao comitê Rio 2016, para a realização de seis jogos em três datas do torneio de futebol olímpico, nas categorias masculino e feminino.
Em 2015, a Arena da Amazônia recebeu 13 jogos, divididos entre jogos de futebol locais, um torneio amistoso entre Vasco, São Paulo e Flamengo no início do ano, e shows que aconteceram no setor "podium" do estádio, que fica numa área sem acesso ao gramado, mas ainda dentro do terreno do Vivaldão. Além disso, ainda teve duas partidas da seleção brasileira olímpica, no início de outubro.
De acordo com a Fundação Vila Olímpica (antiga gestora), a menor renda registrada foi a do jogo Nacional x Náutico-RR, pelo Campeonato Brasileiro da Série D, com repasse de R$ 238,50 referentes aos 10% da bilheteria como taxa de utilização da Arena. A maior arrecadação foi a do torneio Super Séries, com valor total de R$ 325.216,00 para os três jogos.