FUNDO PARTIDÃRIO BANCA DE JATINHO A CONTAS PESSOAIS 13/03/2017
- AGÊNCIA ESTADO
Os recursos públicos repassados aos partidos brasileiros pelo Fundo Partidário representam uma “caixa-preta†de R$ 3,57 bilhões e financiam gastos obscuros e, em muitos casos, questionados pela Justiça Eleitoral.
O valor se refere ao total recebido pelos partidos entre 2011 e 2016, corrigido pela inflação, e está nas prestações de contas à espera de julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Apenas PRB, PSD e PV receberam parecer pela aprovação, mas ainda assim com ressalvas.
As irregularidades mais comuns constatadas pelo TSE nos dados de 2011 se repetiram em prestações de contas mais recentes, de 2013 e 2015, segundo análise feita pelo Estado na documentação.
Na prestação de contas do PSDC, as notas revelaram que a sigla contratou uma empresa de marketing, a 74 Propaganda, e outra de serviços administrativos, a Maxam, que pertencem a dirigentes do Diretório Nacional.
Mais rigor no controle
Presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-SP, Silvio Salata defendeu mais rigor no controle de gastos dos partidos e reconhece que o número de legendas – 35 atualmente – dificulta a fiscalização.
O advogado Marcos Monteiro, especialista em Direito Público, ressaltou o conflito entre público e privado na destinação dos recursos.
“Os partidos devem respeitar os princÃpios da administração pública, como isonomia e economicidade, mas são considerados organizações privadas. Não há obrigação de licitação, por exemplo. É dinheiro público que passa para instituição privadaâ€, disse.
Segundo ele, a lei não exige o mesmo rigor na prestação de contas em anos em que não ocorrem eleições.
O TSE baixou uma resolução exigindo, a partir de abril deste ano, a digitalização de todas as notas, para publicá-las mensalmente na internet.
Enquanto isso, desde 2015, os partidos se articularam para ampliar o valor do fundo.
No ano passado, após a proibição das doações de pessoas jurÃdicas e diante do entendimento de que não há espaço para a volta do financiamento empresarial – principalmente em razão das revelações da Lava Jato –, lÃderes no Congresso passaram a discutir a criação de um fundo bilionário com dinheiro público para custear campanhas.