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Operação contra frigoríficos prende 38 e descobre até carne podre à venda
17/03/2017 - ESTELITA HASS CARAZZAI E BELA MEGALE - FOLHA DE S.PAULO

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta (17) a Operação Carne Fraca, que investiga uma suposta organização criminosa formada por fiscais agropecuários federais e empresas do agronegócio.

O objetivo é desarticular uma suposta organização criminosa liderada por fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, que, com o pagamento de propina, facilitavam a produção de produtos adulterados, emitindo certificados sanitários sem fiscalização.

A investigação revelou até mesmo o uso de carnes podres, maquiadas com ácido ascórbico, e a re-embalagem de produtos vencidos por alguns frigoríficos.


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Alguns dos principais frigoríficos do país estão na mira, como JBS, BRF e Seara.

Entre os presos estão executivos da BRF como Roney Nogueira dos Santos, gerente de relações institucionais e governamentais, e André Baldissera, diretor da BRF para o Centro-Oeste.

Também estão na lista funcionários da Seara e do frigorífico Peccin – um dos que tinha irregularidades gravíssimas, como uso de carnes podres, segundo a PF –, além de fiscais do Ministério da Agricultura.

A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa dos investigados.

Segundo as investigações, "dedo", "luva" e "documento" eram alguns dos termos usados pelos fiscais agropecuários para o pedido de propina. Mas até mesmo caixas de carne, frango, pizzas, ração para animais e botas eram dadas em favor pela vista grossa na fiscalização, afirma o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal do Paraná, que determinou as prisões.

"É um cenário desolador", afirma Josegrei. "Resta claro o poderio de intimidação, de influência e de uso abusivo dos cargos públicos que ostentam para se locupletarem, recebendo somas variáveis de dinheiro e benesses in natura das empresas que deveriam fiscalizar com isenção e profissionalismo."

Foram emitidos 309 mandados, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária (válida por cinco dias), 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao grupo criminoso.

Foi determinado ainda o bloqueio de R$ 1 bilhão das investigadas.

MAIOR OPERAÇÃO

Segundo a PF, essa é a maior operação já realizada na história da instituição.

A ação ocorre em sete Estados: Paraná, São Paulo, Distrito Federal, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.

Em nota, a Polícia Federal afirma que detectou em quase dois anos de investigação que as superintendências regionais do Ministério da Pesca e Agricultura dos Estados do Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam para proteger empresas, prejudicado o interesse público.

O esquema, ainda segundo os investigadores, funcionava por meio de agentes públicos que se utilizavam do poder de fiscalização para cobrar propina e, em contrapartida, facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização.

Dentre as ilegalidades praticadas pela suposta quadrilha está a remoção de agentes públicos com desvio de finalidade para atender interesses dos grupos empresariais.

O nome "Carne Fraca" da operação faz alusão à conhecida expressão popular em sintonia com a própria qualidade dos alimentos fornecidos ao consumidor por grandes grupos corporativos do ramo alimentício.

A expressão popular também mostra "a fragilidade moral de agentes públicos federais que deveriam zelar e fiscalizar a qualidade dos alimentos fornecidos a sociedade".


  

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