A conversa teria ocorrido em 2012, logo depois da assinatura do contrato do consórcio formado pela Odebrecht, OAS e UTC, com a Sete Brasil, empresa criada pela Petrobrás, em parceria com bancos e recursos de três fundos de pensão federal (Petros, Previ e Funcef). Ao todo, eram 21 sondas que a Sete forneceria para a Petrobrás.
rogerio sobre sete brasil barbudo
Araújo afirmou que, inicialmente, Pedro Barusco informou que deveria ter um pagamento de 1% dos contratos das seis sondas e que um terço do valor iria para a ‘Casa’, como eram chamados os agentes públicos da estatal, e dois terços para o PT.
Segundo o delator, o ex-executivo da estatal voltou a procurá-lo e deu novas coordenadas.
“Os pagamentos ao PT se dariam pelas empresas brasileiras, particularmente a companhia (Odebrecht). Segundo Pedro Barusco, essa era uma decisão do PT, por orientação do ‘Barbudo’ (apelido dado por Pedro Barusco ao ex-presidente Lula) e os pagamentos aos funcionários da Petrobrás/Sete Brasil se dariam pelas empresas estrangeirasâ€, registra o anexo entregue pela Odebrecht para a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Araújo, que tratava com o consórcio de construção das sondas, disse que não foi dito por Barusco quem era o emissário do PT. “Falei para o Márcio.†Ele afirmou que os representantes da OAS e da UTC podem confirmar o pedido.
Segundo ele, Barusco teria dito não saber quem seria o interlocutor.
Ponta de contato com o presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, Márcio Faria diz que tempo depois ele foi procurado pelo empresário.
“Passou um tempo eu fui chamado pelo Marcelo Odebrecht, que era o diretor-presidente, dizendo que havia sido procurado pelo ex-ministro Antonio Palocci onde ele cobrou do Marcelo essa propina, 100% de 1% para o PT.â€
Araújo contou a mesma história:
“Um dia eu estava lá na empresa, o Márcio me procurou falou: ‘olha, o Marcelo Odebrecht me procurou porque o Palocci procurou ele cobrando propina da Sete Brasil’â€.
Márcio afirmou o diretor-presidente do grupo teria dito a Palocci “que conhecia o assuntoâ€.
“Não sabia do assunto e não ia entrar em assuntos operacionais e não deu maiores informações para Palocci.â€
O diretor-presidente do grupo teria chamado Márcio Faria, questionando o que estava acontecendo.
“Passou um tempo e veio a Lava Jato e nós não pagamos o percentual que seria devido ao PTâ€, disse Marcio Faria.
“Passado algum perÃodo achávamos que esse pessoal iria cobrar, mas não cobrou.â€
PRESO
Único alvo da Odebrecht ainda preso pela Lava Jato, Marcelo Odebrecht confirmou o pedido e disse que avisou Palocci que o valor cobrado era indevido, pois esse tipo de acerto já estaria incluso na ‘conta corrente’ que o grupo tinha acordado com o PT.
Odebrecht disse que foi procurado por Márcio, que teria dito: “Marcelo fui procurado pelo Vaccari que está cobrando um percentual pela questão das conquistas das sondasâ€.
“Não tem nenhum cabimento, não teve nenhum favorecimento, não tem porque ter isso. Eu tinha conta corrente exatamente para impedir esse tipo de pedido caso a caso a fui falar com Palocciâ€, explicou Odebrecht, em sua delação.
“Eu fui para o Palocci e falei: ‘Vaccari está pedindo, avisa ele que não tem nada a ver conosco, Odebrecht não vai pagar nada disso’â€.