Dirceu foi preso em 3 de agosto de 2015, nove meses após ter deixado o presÃdio da Papuda, no Distrito Federal, para cumprir prisão domiciliar no escândalo do Mensalão.
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Alvo principal da 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Pixuleco em referência ao nome usado por petistas para se referir a propina – o ex-ministro já foi condenado a mais de 31 anos de prisão por Moro por crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e pertinência da organização criminosa.
No julgamento, a maioria seguiu entendimento do ministro Dias Toffoli, que afirmou que não seria possÃvel manter a prisão preventiva de Dirceu apenas com base em uma condenação de 1ª instância, feita pelo juiz Moro.
Em seu voto, Toffoli disse que medidas menos lesivas, diferentes da carceragem de Curitiba, poderiam ser aplicadas no caso de Dirceu.
“O princÃpio da presunção da inocência está na nossa Constituiçãoâ€, completou.
CrÃtico contumaz do que classifica como “excessos†de Curitiba, o ministro Gilmar Mendes resumiu:
“Há um excesso temporal na prisão preventiva. Não estamos censurando o decreto de prisão, mas estamos dizendo que aqui o decreto que inicialmente poderia ser legal ou constitucional se inconstitucionalizouâ€.
Em seu voto, o relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, que nos últimos julgamentos tem defendido as prisões, mas saÃdo derrotado, afirmou que as prisões preventivas não poder ser “um fim em si mesmoâ€, mas declarou que são defensáveis e legÃtimas quando um preso como Dirceu pertence a uma organização criminosa e, quando, se colocado em liberdade, pode representar risco à sociedade.
Ainda que Dirceu esteja preso desde agosto de 2015, Fachin afirmou que “eventual excesso na duração das prisões cautelares não deve se acautelado mediante prazos estanquesâ€.
Ele lembrou que Moro avaliou haver “boa materialidade de crimes de corrupção e de lavagem de dinheiroâ€.
Fachin citou ainda que a prisão do petista, na avaliação de Moro, está relacionada à gravidade em concreto de ele ser posto em liberdade e à necessidade de prevenir prática de novos crimes.
Como tem sido recorrente em julgamentos de polÃticos, o decano Celso de Mello fez um duro discurso contra a corrupção e votou por manter a prisão preventiva.
Mello sustentou não haver “excesso irrazoável†na prisão preventiva de Dirceu nem ilegalidade em manter o petista detido em Curitiba.
“Com a instauração deste e de quaisquer outros procedimentos de persecução penal, não se está a incriminar a atividade polÃtica, mas a promover a responsabilização penal daqueles que não se mostraram capazes de exercer a atividade polÃtica com honestidade, preferindo transgredirâ€, completou.
Nos últimos dias, a defesa de Dirceu contava com a possibilidade de o petista ser colocado em liberdade após a sinalização da 2ª Turma de que a manutenção das prisões de condenados em 1ª instância por Moro poderia significar uma antecipação de pena.
O MPF elencou a atuação de Dirceu em 33 crimes de lavagem de dinheiro, que movimentaram mais de 2,4 milhões de reais.
O perÃodo da prática criminosa apontada pela acusação – entre abril de 2011 e outubro de 2014 – abrange datas antes, durante e depois do julgamento do Mensalão, em que Dirceu foi apenado em sete anos e onze meses.
A nova acusação sustenta que o ex-ministro lavou dinheiro por meio de contratos falsos entre a construtora Engevix e a sua empresa, JD Consultoria, e entre a empreiteira e a empresa de comunicação Entrelinhas.
Os documentos de prestação de supostos serviços serviram, segundo o MPF, para camuflar propinas recolhidas em crimes de cartel e fraudes de licitações promovidas pela Petrobras em obras nas refinarias Presidente Bernardes (RPBC), Presidente Getúlio Vargas (Repar) e Landulpho Alves (RLAM).
Os investigadores afirmam que a Engevix arcou com o pagamento de 900.000 reais à Entrelinhas entre abril de 2011 e julho de 2012.
Padrinho polÃtico do então diretor de Serviços da estatal, Renato Duque, Dirceu recebia um porcentual das propinas recolhidas pelo ex-dirigente.
Entre fevereiro de 2013 e outubro de 2014, por exemplo, a UTC pagou por aditivos contratuais fictÃcios com a JD Assessoria.
O motivo: camuflar o pagamento de mais de 1,5 milhão de reais em propinas.
Dirceu foi preso em 15 de novembro de 2013 no Mensalão, mas um dos aditivos, o de 1º de fevereiro de 2014, foi pago enquanto o petista cumpria pena no presÃdio da Papuda.
“Nada justifica, por piores que sejam os fatos e por tudo que aconteceu, a manutenção da prisão de um homem de 72 anos de idade, sendo que nenhum outro fato, absolutamente nada, tenha surgido para ele ficar presoâ€, afirmou.