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Ex-presidente uruguaio condena propriedade privada em evento do MST
08/05/2017 - Reuters

O ex-presidente uruguaio José Mujica condenou ontem a propriedade privada no Brasil. Na segunda edição da Feira Nacional pela Reforma Agrária, organizada pelo Movimento dos Sem Terra (MST), em São Paulo, Mujica também defendeu a luta pela distribuição de renda e afirmou o quão necessária é a reforma agrária.

O ex-presidente, que ontem participou ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da abertura do congresso do Partido dos Trabalhadores (PT), destacou a luta pela terra como necessária para gerar igualdade de renda sem estar submetido a uma cultura de mercado e à uma agricultura de produtividade. Diante de milhares de participantes no evento do MST, afirmou que “a terra não deve ser propriedade privada, deve ser de uso do povo�

“Lutamos pelo poder e pela civilização. Todo progresso humano e social está na terra. Se pode viver com uma alface, mas a vida não se compra�, disse Mujica, ovacionado pelos participantes.


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Ao defender a luta pela reforma agrária, afirmou que “os lutadores sociais são a base da história, sempre o foram. Por isso estou aqui e continuarei estando. O fracasso que tivemos (em relação ao fim do governo do PT no Brasil) será irreversível para a natureza, mas temos que criar novas realidades nessas condições e não viver da nostalgia�.

Segundo Mujica, os latino-americanos têm que se unir para evitar que a América Latina, a região mais rica em recursos naturais do mundo, continue sendo também a região com mais injustiça social.

“Por isso estou aqui. Porque, além de ser latino-americano, o mundo está padecendo da pressão do capital financeiro e das grandes empresas. Ninguém nos dará nada gratuitamente. Sem luta social não há mudança�, ressaltou.

“A civilização moderna substituiu a terra pelo lucro do mercado, que prostituiu tudo. Vão hipotecar a cultura da cozinha porque as pessoas não têm mais tempo, porque o mercado roubou o tempo da vida�, completou o ex-presidente uruguaio.

Mujica também fez críticas às grandes empresas agrícolas por insistir em uma política lucrativa de mercado.

“A ciência não é má, é ruim o uso da ciência não para servir à vida, mas sim ao mercado. Esse é o problema. Como não vou defender a agricultura camponesa? Sou um camponês de alma e vou morrer pedindo pela terra�, explicou.

O ex-presidente uruguaio foi o último orador do evento, que também contou com a participação do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, a chef Bela Gil, a atriz Leticia Sabatella, o ator Sérgio Manberti, e o economista João Pedro Stedile, principal líder do movimento.

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