O sr. acha que as reformas ainda têm chance de sair?
- Sim, as reformas têm chance de sair. Dados extremamente positivos estão sendo divulgados. Depois de 24 meses, tivemos o primeiro número realmente positivo do varejo nessa semana (o varejo teve o melhor resultado para abril em 9 anos). Acho que a crise polÃtica está se descolando da economia.
Pelo menos as reformas trabalhista e previdenciária saem?
- Talvez a reforma previdenciária saia já muito combalida, muito fragilizada. Será preciso se retomar esse assunto em 2018 e 2019. Já a reforma trabalhista traz um grande avanço, principalmente para varejo e serviços, que tinham mais dificuldade com uma legislação de DNA exclusivamente industrial e de 70 anos atrás.
Mas não houve um retrocesso? A aprovação não está menos garantida?
- Não existe. Esse foi o fator que o fez resistir a todos esses embates, a ausência de uma alternativa de consenso.
A economia ainda tem chances de se recuperar no segundo semestre?
- Claro que poderia estar melhor. A recuperação virá num ritmo bem mais lento. Eu acho que a retomada econômica estava claramente delineada, mas sofreu um baque. E (a delação da JBS) dá uma sensação de que o crime compensou, pois formou essa articulação vitoriosa. Se culminasse com a derrubada do governo reformista, daria uma triste sensação.
E o fato de os delatores da JBS terem saÃdo livres? Isso incomoda o sr.?
- Eu não compartilho com esse receio (de que apareça um salvador da pátria), porque o eleitor está melhor. Vai haver uma grande depuração. Talvez o que aconteceu na França seja uma antecipação do que pode acontecer aqui. Temos alternativas muito boas, acho que vai ser um reformista, um liberal. As lições deste triste perÃodo foram duras, mas ficaram.