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Joesley omitiu em delação negócio bilionário com as bênçãos de Palocci
06/07/2017 - Julia Affonso, Luiz Vassallo e Valmar Hupsel Filho - O Estado de S.Paulo

A delação premiada do empresário Joesley Batista, pivô da crise que abala o governo Michel Temer, pode ser questionada pela Procuradoria-Geral da República porque o acionista da JBS teria omitido negócio bilionário do grupo realizado sob as bênçãos do ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma).
Segundo revelou o site O Antagonista, Joesley firmou contrato com Palocci, com cláusula de êxito, depois que a JBS adquiriu a empresa americana Pilgrim’s, Pride Corporation com aporte bilionário do BNDES.

A informação foi confirmada pelo Estado.

A JBS repassou R$ 2,1 milhões à empresa Projeto Consultoria Empresarial e Financeira, de Palocci, entre dezembro de 2008 e junho de 2010.

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O empresário que gravou a conversa com Temer no Palácio do Jaburu na noite de 7 de março afirmou à Procuradoria-Geral da República – já no curso da colaboração – que Palocci não facilitou nenhuma transação da JBS no BNDES.

Na época em que firmou contrato com a empresa de Palocci, a JBS comprou a Pilgrim’s por US$ 2,8 bilhões, dos quais US$ 2 bilhões saíram dos cofres do BNDES.

Palocci exercia mandato de deputado federal pelo PT e detinha forte influência no governo – havia sido ministro da Fazenda de Lula e, depois, ministro-chefe da Casa Civil de Dilma.

O contrato de consultoria previa o pagamento de comissão de êxito no valor equivalente a 0,10% do negócio, até o limite de R$ 2 milhões. Estava previsto adiantamento de honorários de R$ 500 mil.

No dia 21 de junho, Joesley depôs na Polícia Federal em Brasília e teve que explicar os motivos de ter contratado a Projeto Consultoria, a empresa de Palocci.

Como revelou a reportagem do Estado, no depoimento Joesley afirmou que ele e o petista eram "amigos íntimos".

O empresário declarou que "não tem qualquer interesse em proteger (Palocci)".

“Esclarece que eram amigos íntimos, de frequentarem a casa um do outro, com próximo relacionamento familiar, inclusive de suas esposas se conhecerem; que, entretanto, o depoente esclarece que não tem qualquer interesse em protegê-lo”, afirmou o empresário.

Segundo Joesley, a Projeto foi contratada "para consultoria de macroeconomia e política do Brasil no valor mensal de RS 30 mil a RS 50 mil".

“Perguntado sobre o valor do contrato, o depoente não se recorda ao certo, mas acredita que tenha sido no valor de R$ 2 milhões; que o depoente não tem conhecimento de o contrato ter sido assinado em nome da esposa de Palocci”, afirmou.

A PF questionou o empresário se ele "já não tinha conhecimento suficiente a respeito de relacionamentos políticos e partidários em 2009".

“Respondeu que não tinha a menor ideia das alianças e rivalidades entre políticos; que essas consultorias eram realizadas na sede da JBS durante almoços”, declarou.

“O depoente afirma não saber que Palocci era deputado federal à época da assinatura do contrato; que perguntado se não acha estranho que Palocci tenha sido contratado para lhe dar aulas de política e que ao mesmo tempo desconheça o fato de que exercia o mandato de deputado à época, o depoente informa que, de fato, não sabia.”

Joesley afirmou que o ex-ministro foi contratado também "para realizar uma extensa pesquisa de mercado da macroeconomia americano".

A delegada Danielle de Meneses Oliveira Mady confrontou Joesley.

Segundo a delegada, em 2009, a empresa americana Pilgrims Pride Corporation foi a última aquisição do Grupo "e que portanto não haveria razão a justificar um amplo estudo".

Em setembro daquele ano, JBS Friboi informou ao mercado que havia comprado, por US$ 2,8 bilhões, a Pilgrims Pride Corporation, por meio de sua subsidiária JBS USA Holdings, Inc.

A companhia americana era uma das maiores empresas de carne de frango dos Estados Unidos.

Joesley declarou à PF ‘que os mercados de frango e came são completamente distintos’.


  

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