Centrais querem contribuição sindical maior do que imposto cobrado hoje 08/08/2017
- Fernando Nakagawa - O Estado de S.Paulo
O imposto sindical vai deixar de existir em novembro, com a entrada em vigor da reforma trabalhista, mas a contribuição que os trabalhadores dão aos sindicatos pode aumentar com a mudança.
Agora, em vez de ter um dia de trabalho descontado todo ano (o correspondente a 4,5% de um salário), a contribuição será decidida em assembleia, sem um teto estabelecido.
Duas das maiores centrais do PaÃs, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Força Sindical, defendem que de 6% a 13% de um salário mensal sejam destinados anualmente ao financiamento das entidades.
O presidente da UGT, Ricardo Patah, defende 6% de um salário.
“É um valor equilibrado que poderia ser dividido em 12 vezes.â€
O secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, cita valor que poderia oscilar de 8% a 13%.
Maior entidade do PaÃs, a CUT não divulga valor de referência e não participa do debate por considerar o governo Temer ilegÃtimo, mas historicamente manteve posição favorável à criação da contribuição.
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) não emitiu posição oficial.
O presidente Michel Temer informou às centrais que o substituto do imposto sindical será regulamentado por Medida Provisória.
O modelo em debate prevê aprovação anual, pelos trabalhadores, do valor a ser pago na mesma ocasião em que empregados e patrões negociam reajuste anual de salário.
A contribuição será paga por todos os empregados beneficiados pela negociação coletiva – inclusive os não sindicalizados.
Isso, na prática, torna a contribuição negocial obrigatória aos que tiverem reajuste anual de salário conforme o acertado na negociação coletiva liderada pelo sindicato.
O funcionamento dessas assembleias está em discussão.
Por enquanto, prevalece proposta de que o quórum mÃnimo dessas reuniões poderá ser de apenas 10% dos trabalhadores representados.
“Hoje, em algumas situações o total pode chegar a 20% de um salárioâ€, diz. “As três serão substituÃdas por uma. Com certeza, o valor vai cair.â€
As contribuições assistencial e confederativa, no entanto, são pagas exclusivamente por sindicalizados – parcela minoritária do mercado.
Segundo o IBGE, apenas 19,5% dos trabalhadores são ligados oficialmente a um sindicato. Portanto, a maioria dos empregados – 80,5% da força de trabalho – paga apenas o imposto sindical.
Em 2016, o imposto sindical arrecadou R$ 3,53 bilhões. Confirmado o novo porcentual citado por UGT e Força, o valor poderia saltar para R$ 10,2 bilhões com desconto de 13%.