Silval revela que obras da Copa foram suspensas por atraso de superpropina a conselheiros do TCE 26/08/2017
- Luiz Vassallo - O Estado de S.Paulo
O ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB) declarou, em anexo de sua delação premiada, que o atraso no pagamento de uma superpropina de R$ 53 milhões para conselheiros do Tribunal de Contas do Estado motivou a paralisação de obras da Copa 2014.
Segundo ele, a relação entre o governo e o TCE era de "muitas pressões e extorsões" em troca de apoio aos programas do Palácio Paiaguás – sede do Executivo estadual -, especialmente as obras da Copa do Mundo, como a do MT Integrado.
“Após essa reunião no Palácio Paiaguás ‘se reuniram mais duas vezes, oportunidade em que após negociarem ficou acordado pelo pagamento de R$ 53 milhões para que o TCE não atrapalhasse os andamentos dos programas de governo’.
Silval disse que ‘tem ciência de que esse valor foi distribuÃdo entre os conselheiros’.
Para esse pagamento, o conselheiro Novelli, sempre segundo o delator, exigiu que ele assinasse 36 notas promissórias no valor total de R$ 53 milhões, a serem pagas em 18 meses.
“Duas notas venciam em cada um dos 18 meses, sendo uma no valor aproximado de R$ 1.150.000,00 e outra no valor de R$ 2.800.000,00, sendo que o conselheiro Novelli dizia ao colaborador que precisava das notas promissórias para comprovar para os demais conselheiros que tinham a garantia do pagamento das propinas.â€
Silval contou sobre um encontro com o responsável pela empresa Gendoc, "acreditando que tenha sido no ano de 2012, ao lado da Arena Pantanal, sendo tal pessoa chamada de Waldisney".
O encontro foi motivado, ele diz, "por um problema em um dos pagamentos para o TCE, pois o combinado no inicio era que Waldisney devolvesse o dinheiro para Pedro Nadaf, que, por sua vez, ficaria responsável em fazer a entrega para o TCE".
Nesse encontro com Waldinsey o colaborador pediu para ele efetuar o pagamento diretamente para Novelli sem intermediários do Executivo, tendo Waldisney concordado, oportunidade em que ele começou a repassar 50% dos valores recebidos do Executivos para Novelli.
Segundo o ex-governador, Pedro Nadaf – então secretário da Casa Civil – e ele eram responsáveis em contatar Novelli após o Executivo efetuar os repasses para a Gendoc.
“Com os pagamentos Novelli ia devolvendo as notas promissórias assinados pelo colaborador, sendo que algumas vezes Pedro Nadaf pegava as promissórias, outras vezes era o próprio colaborador quem as pegava de Novelli. Acredita que foi repassado da Gendoc para Novelli o montante aproximado de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões, sendo que o colaborador, ao verificar as adesões da Gendoc, pode precisar o valor.â€
Silval disse que "se recorda" de ter repassado para Novelli o montante de R$ 2 milhões em cheques dados por Genir Martelli, "não se recordando o colaborador se eram cheques da pessoa fÃsica ou jurÃdica, mas sabendo que os valores dos cheques eram em torno de R$ 50 mil cada cheque, totalizando um montante de aproximado de 40 cheques entregues a Novelli".
O peemedebista afirma que a entrega foi feita por ele em mãos para Novelli em seu próprio gabinete no Palácio Paiaguás.
Em 2014, segue o relato de Silval, ainda faltava pagar aproximadamente R$ 30 milhões da propina devida ao Tribunal de Contas do Estado, "oportunidade em que Pedro Nadaf sugeriu que fizessem a desapropriação do bairro Renascer".
Nadaf negociou o retorno de 50% – cerca de R$ 16 milhões – com o advogado da empresa que recebeu os valores da desapropriação e ele mesmo – secretário da Casa Civil – "passava tudo para o conselheiro Novelli, tendo sido repassado dessa desapropriação o valor de R$ 15 milhões de reais para o TCE, pois R$ 1 milhão o colaborador lembra de ter ouvido que a empresa que recebeu da desapropriação teria repassado para o deputado federal Carlos Bezerra em razão de ter intermediado a negociação, pois teria sido Carlos Bezerra quem teria apresentado o advogado da empresa na Casa Civil para Pedro Nadaf".
“Que para quitar o restante da divida com o TCE, ficou ainda combinado entre o colaborador e o conselheiro Novelli que o Executivo suplementaria o orçamento do TCE em R$ 35 milhões, para que os conselheiros conseguissem retirar em torno de R$ 15 milhões devidos de propina, que a suplementaçao começou em junho ou julho de 2014, terminando em dezembro de 2014, sendo que os conselheiros iriam com essa suplementação conseguir retirar as propinas em nos serviços a serem executados pelo TCE.â€