Fachin atende a pedido de Janot e determina prisão de Joesley, diz site 10/09/2017
- Rafael Moraes Moura e Altamiro Silva Junior- O Estado de S.Paulo
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu atender ao pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e mandou prender o empresário Joesley Batista, dono do grupo J&F, segundo o site O Antagonista.
Até o momento, o "Estadão" não confirmou a informação.
Fachin também teria atendido aos pedidos de Janot para prender Ricardo Saud, diretor da J&F, e o ex-procurador da República Marcelo Miller.
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Fontes da Polícia Federal informaram à esta reportagem que, em tese, não há nada que impeça que as prisões sejam realizadas neste domingo, 10.
Os pedidos de prisão foram motivados pela descoberta de que os executivos da J&F omitiram informações sobre supostos crimes ao negociar sua delação premiada.
Gravação entregue na semana passada à Justiça pela própria defesa da J&F mostra Saud e Joesley conversando sobre uma suposta interferência de Miller para ajudar nas tratativas de delação premiada, o que seria ilegal.
O ex-procurador ainda fazia parte do Ministério Público quando começou a conversar com os executivos, no final de fevereiro. Ele pediu exoneração da instituição no mesmo mês, mas a deixou de fato apenas em abril.
Joesley Batista prestou depoimento na última quinta-feira, por cerca de três horas, na sede da Procuradoria-Geral da República, para explicar o conteúdo da gravação. No depoimento, disse que não recebeu orientação do ex-procurador Miller para gravar o presidente Michel Temer.
A gravação de uma conversa com Temer, em maio, foi o trunfo que Joesley usou para negociar sua delação com a Procuradoria-Geral da República e obter imunidade - benefício estendido a outros executivos do grupo. O episódio mergulhou o governo Temer em sua maior crise, e motivou uma denúncia de corrupção contra o presidente.
Saud e Marcelo Miller também tiveram de prestar esclarecimentos sobre a gravação que pode anular os benefícios da delação premiada.
A prisão de Joesley e Saud foi defendida publicamente pelo ministro Luiz Fux, do STF, durante a sessão plenária da última quarta-feira.
“Eu verifico que esse episódio revelou que esses partícipes do delito, que figuraram como colaboradores, eles ludibriaram o Ministério Público, eles degradaram a imagem do País no plano internacional, eles atentaram contra a dignidade da Justiça e eles revelaram a arrogância dos criminosos do colarinho-branco”, afirmou Fux.
O ministro acrescentou: “De sorte que eu deixo ao Ministério Público a opção de fazer com que esses participantes desta cadeia criminosa que confessaram diversas corrupções, que eles passassem do exílio nova-iorquino para o exílio da Papuda”, afirmou, fazendo referência ao complexo penitenciário no Distrito Federal.
Temendo a ordem de prisão, a defesa de Joesley e Saud pediu ao STF para ser ouvida por Fachin, antes da decisão do ministro.
O advogado dos executivos, Pierpaolo Cruz Bottini, também colocou os passaportes dos dois à disposição da Justiça.
JULGAMENTO
Na quarta-feira, o STF vai julgar o pedido de suspeição contra o procurador-geral, apresentado pela defesa de Temer, que também pede a suspensão prévia da segunda denúncia que está prestes a ser apresentada contra o peemedebista.
Na mesma ocasião, os ministros deverão discutir, em uma questão de ordem, a validade das provas obtidas no acordo de colaboração da J&F, que passou a ser questionada pela defesa de Temer após a publicação da polêmica.
CASA DE JOESLEY TEM MOVIMENTAÇÃO INTENSA
Um dia após pedido de prisão do empresário Joesley Batista, do grupo JBS, a casa dele, no bairro do Jardim Europa em São Paulo, teve movimentação de veículos, incluindo o carro da esposa do delator, Ticiana Villas Boas, além da presença de cinegrafistas, repórteres e curiosos. Batista, porém, não foi visto no local.
Na noite de sexta-feira, 8, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão de Batista, do também executivo da JBS e delator, Ricardo Saud, e do ex-procurador, Marcelo Miller.
Não havia confirmação oficial de que Batista estivesse em sua residência ontem sábado, 9.
Carros com vidro preto entraram e saíram do local ao longo do dia. Já Ticiana saiu da casa de Joesley Batista dirigindo um Porsche Cayene e voltou à residência cerca de uma hora depois.
Ao longo do dia, várias pessoas que passaram em frente à residência, a pé ou de carro, pararam para perguntar o que estava acontecendo.
Alguns vizinhos afirmaram não saber que Batista reside no local. Na frente da casa, mais de 15 profissionais da imprensa chegaram a fazer plantão.
Na madrugada de ontem, a defesa de Batista e Saud pediu para ser ouvida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, antes da decisão sobre a prisão.