LIDERANÇA DE LULA EM PESQUISA DESAMIMA E DERRUBA BOLSA DE VALORES 20/09/2017
- Agência Estado
A liderança do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) no cenário eleitoral de 2018, apontada por pesquisa CNT/MDA divulgada ontem, levou a Bolsa à mínima do dia.
A tendência negativa veio após uma abertura de pregão em alta, estimulada pelo bom desempenho de mercados internacionais, com o Ibovespa acima dos 76 mil pontos.
Às 12:52, o índice com as ações mais líquidas da Bolsa registrava queda de 0,79%, aos 75.387,85 pontos.
PUBLICIDADE
Segundo o levantamento, Lula teria hoje 20,2% das intenções espontâneas de voto para presidente, ante 16,6% no levantamento CNT/MDA divulgado em fevereiro deste ano.
No cenário de consulta estimulada, quando os nomes dos candidatos são apresentados aos entrevistados, Lula também lidera nos três cenários da pesquisa com três diferentes candidatos do PSDB.
Ainda sob impacto da pesquisa, o dólar à vista passou a subir levemente e as taxas futuras de juros reduziram a baixa, renovando máximas.
À exceção do Ibovespa, esses efeitos perderam força, no entanto, por conta de ponderações de agentes de mercado de que ainda é cedo para fazer apostas em relação ao quadro eleitoral e que o petista perdeu capital político.
Ainda assim, o fato de, na visão desses agentes, a liderança de Lula ameaçar a manutenção das políticas econômicas do atual governo sustenta cautela.
Cabe destacar que, pouco antes do levantamento CNT/MDA, uma avaliação do Instituto de Finança Internacional (IIF, na sigla em inglês) havia apontado que a combinação de economia mais forte com finanças públicas debilitadas, que favorece políticas prudentes, reduziria as chances de candidatos populistas na eleição de 2018.
A CNT/MDA mostrou ainda que a avaliação negativa do governo Temer aumentou nos últimos sete meses e foi para 75,6%, enquanto a positiva diminuiu para 3,4%.
"O mercado está tentando realizar (lucros) há algum tempo. E essa pesquisa acabou sendo um 'driver' para isso, ao apresentar Lula na frente das intenções de voto", afirmou Alexandre Póvoa, sócio e presidente da Canepa Asset Management.
Assim como Póvoa, o sócio e economista-chefe da ModalMais, Álvaro Bandeira, entende que a desvalorização - após o Ibovespa marcar recorde intraday ontem aos 76.403,57 pontos - é uma realização normal.
Mesmo na mínima do dia - quando, às 12:33, marcou queda de 0,83%, aos 75.356,51 pontos -, o indicador ainda acumulava uma apreciação de quase 6,5% somente no mês de setembro.
O operador de outra gestora de fundos de investimento e o sócio da ModalMais pontuaram que, à exceção da pesquisa CNT/MDA, o noticiário de ontem foi fraco de novos vetores.
"Não houve grandes novidades no cenário econômico. O discurso do Temer [na abertura da Assembleia Geral da ONU] não teve nada novo, nem o pronunciamento do Ilan [Goldfajn, presidente do Banco Central, cujos apontamentos foram publicados pela instituição]", disse Bandeira, da ModalMais.
Profissionais de duas corretoras de valores mobiliários de São Paulo pontuaram que o resultado da pesquisa CNT/MDA é uma "desculpa" para a realização de lucros.
"Ou seja, a Bolsa até pode voltar a subir hoje", disse um deles.
Os dois concordam que é impossível prever agora se o petista sairá candidato ou não, visto que ele pode vir a ser condenado em segunda instância na Justiça Federal.
Todas as ações mais líquidas registravam queda no início da tarde desta terça-feira, principalmente a Vale.
Às 13:07, os papéis ON da mineradora caíam 1,43%, a R$ 33,76, e os PNA perdiam 1,17%, a R$ 31,15.
Além da Vale, as siderúrgicas também são penalizadas pela queda de 4,06% do preço do minério de ferro no mercado à vista chinês (porto de Qingdao).
As ações de grandes bancos eram pressionadas negativamente pelo movimento de realização de lucros no Ibovespa.
Os papéis da Petrobrás também perdiam valor, em linha com o comportamento do petróleo. A commoditiy firmou-se em queda desde o fim da manhã.