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DE ÚLTIMA!

Laranja de Lula em apartamento e prédio do Instituto também é investigado em negócios de filho
10/10/2017 - Ricardo Brandt e Julia Affonso - O Estado de S.Paulo

O “laranja” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na compra do apartamento 121 do Edifício Hill House, vizinho ao 122 onde mora o petista, em São Bernardo do Campo (SP), e de um prédio para o Instituto Lula, em São Paulo, com dinheiro de propinas da Odebrecht também é investigado pela Operação Lava Jato em negócios do filho mais novo do ex-presidente, Luis Cláudio Lula da Silva.

Glaucos da Costamarques Bumlai pode ter servido para ocultar o nome do caçula na propriedade da Bilmarker 600 Serviços em Importação e Exportação Ltda.

A Bilmaker foi aberta em 30 de janeiro de 2009, com sede na Avenida Brigadeiro Luís Antonio, 3.530, conjunto 61, São Paulo.


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A firma foi registrada em nome de Glaucos da Costamarques e dos sócios majoritários Fábio Haruo Tsukamoto e Otávio Portugal Linhares Ramos.

Os dois são de São Bernardo do Campo, amigos de escola de Luís Cláudio Lula da Silva e sócios dele – no mesmo período – na empresa ZLT 500 Sports Gerenciamento e Marketing de Competições Esportivas Ltda.

O endereço da Bilmaker – que já foi alvo de buscas da Lava Jato – é também o mesmo usado por Luís Cláudio e seu irmão Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, para abrirem LLCS Participações Ltda, em agosto de 2010.

No mesmo mês, no final dos governos Lula, Glaucos da Costamarques aparece como figura central da compra o apartamento 121 do Hill House e do prédio em São Paulo para o Instituto Lula, em que é réu com o petista.

No primeiro, ele aparece como dono e no segundo como intermediador dos direitos de compra.

Uma fórmula matemática encontrada nas planilhas de propinas da Odebrecht ajudou a Lava Jato a mostrar que os dois negócios imobiliários teriam oculto R$ 12,4 milhões de corrupção a Lula.

ELOS

Em depoimentos prestados em novembro de 2016 ao Ministério Público Federal e no último dia 6 de setembro à Justiça Federal, como réu no processo do apartamento do Hill House e do terreno do Instituto Lula, Glaucos da Costamarques contou que a Bilmaker foi aberta após Bumlai propôr que abrisse um escritório para administrar empresas para prospectar negócios relacionados a importações da China.

O “laranja” afirmou que foi Bumlai que apresentou Fabio Tsukamoto e Otávio Ramos, como sócios e amigos do filho de Lula.

“O José Carlos que me apresentou os sócios. Esses sócio foram colegas desde o primário de Luis Claudio. Abrir a firma, eu fiquei com 25% e eles com 75%.

O “laranja” explicou ainda que o endereço usado pelos filhos de Lula foi um pedido de Bumlai.

O pecuarista teria informado que os filhos de Lula precisavam de um endereço para abrir uma empresa para participarem de uma “concorrência”.

“O José Carlos me falou ‘o Luis Claudio vai entrar em uma concorrência, e ele precisar abrir uma firma para… e precisa de um endereço’. Eu falei para ele que poderia usar o… porque se ele ganhar a concorrência, ele vai alugar um lugar e … e se não ganhar, vai fechar a firma. Ele usou o endereço sem usar o…”

O Ministério Público Federal destaca ainda que na constituição da ZLT 500 Sports, que tem Luís Cláudio no quadro societáriios, Fábio Tsukamoto e Otávio Ramos forneceram como seus endereços à Junta Comercial do Estado de São Paulo o mesmo endereço da Bilmarker, na Brigadeiro Luis Antônio.

PROVAS

As ligações de Bumlai com supostas propinas pagas a Lula e dos filhos do ex-presidente eram investigadas na Lava Jato desde 2015.

O pecuarista aparece nos negócios da compra do prédio do terreno para o Instituto Lula, do apartamento 121 em São Bernardo, na reforma do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP) e no empréstimo fraudulento de R$ 14 milhões para o PT em 2004 no Banco Schahin.

Em março de 2016, quando foi deflagrada a 24ª fase da Lava Jato (Operação Alethea), que tinha Lula e seus filhos como alvos, a força-tarefa apreendeu importante documento para as apurações sobre negócios de Luís Cláudio e Lulinha, que podem ter envolvimento do “laranja”.

Foi apreendido pela Polícia Federal um contrato de gaveta de dezembro de 2009 assinado por Glaucos da Costamarques e o filho de Lula e seus sócios, referente a vendas de quotas do “laranja” na Bilmaker.

No depoimento que deu em novembro de 2016 pelo Ministério Público Federal, Glaucos da Costamarques disse que não se recordava de ter assinado um contrato de gaveta com o filho de Lula e que nunca teve relação comercial com ele.

No dia 6 de setembro, quando foi ouvido como réu por Moro no processo do apartamento 121 do Hill House e do terreno do Instituto Lula, o “laranja” mudou a versão e contou detalhes sobre o contrato feito a pedido de Bumlai e disse ter percebido que a empresa era do filho de Lula.

Glaucos contou que dez meses depois de abrir a Bilmaker, Bumlai pediu que ele passasse a ser controlador da Bilmaker, ficando com os 70% dos sócios amigos do caçula de Lula.

Os dois passariam a ter apenas 2,5% cada – o primo de Bumlai já detinha 25% das cotas.

“Concomitantemente, a hora que fiz a alteração de contrato e fiquei com os 70% me aparece o José Carlos falando ‘olha Glaucos, vamos fazer um contrato cedendo esses 70% para o Luís Cláudio. Aí fiz um contrato de opção de compra irretratável e irrevogável. Quer dizer, praticamente passei para ele os 70%

Moro questionou o réu.

“Não sei se eu entendi, desculpe a interferência. O senhor recebeu algum dinheiro por isso, ele colocou dinheiro na empresa, tirou algum dinheiro ou recebeu algum dinheiro nessa transferência de cotas?”

“Não”, responde Glaucos.

“Não?”, insiste Moro.

“Não, não recebi.”

USADO

No depoimento em juízo, Glaucos da Costamarques fez uma espécie de confissão de que era usado como “laranja” pelo primo Bumlai, ao ser questionado pela procuradora regional da República Isabel Cristina Groba Vieira, da Lava Jato, sobre o motivo dele ter feito a transferência de cotas para o caçula de Lula.

“Eu hoje vejo a estratégia do José Carlos para me…. ele poderia me pedir ‘a, tal eu preciso isso, aquilo’, mas não. Ele adotava uma estratégia como essa da compra do prédio, como essa da… adotava uma estratégia para me por no negócio em benefício dele, você está me entendendo?”

A procuradora afirma não entender.

“Não, o que o senhor quer dizer com essa estratégia para colocá-lo?”

“Por exemplo, esse negócio de colocar… primeiro eu passei 70% e os sócios ficaram só com 5%, eu tinha 25%, fiquei com 95%. Mas assim que eu estava fazendo o contrato ele falou ‘olha, você vai ter que fazer esse contrato com o Luís Cláudio, aí que eu vi que isso aí era do Luis Cláudio.”

CERCO

Luís Cláudio não é acusado nesta ação, mas faz parte das frentes da Lava Jato que cercam Lula em Curitiba, São Paulo e Brasília.

Ele é réu em processo da Operação Zelotes, no Distrito Federal, por suposto recebimento de propinas de empresas do setor automotivo.

Dono da Touchdown Promoção de Eventos Esportivo, Luís Cláudio foi delatado pela Odebrecht em dezembro de 2016, e passou a ser alvo de apuração específica da Lava Jato sobre o negócio.

O patriarca do grupo, Emílio Odebrecht, e seu "longa manus" Alexandrino Alencar, confessaram um acerto com Lula para que a empresa repassasse dinheiro para abertura da firma criada em 2011 para desenvolver uma liga de futebol americano do Brasil.

Foram mais de R$ 2 milhões pagos, entre 2012 e 2014, em forma de patrocínio para uma empresa de marketing ligada à empresa, em benefício do filho do petista

O caçula de Lula já é alvo da Operação Zelotes por causa de valores recebidos da empresa Marcondes & Mautoni, acusada de atuar na compra de medidas provisórias em favor de empresas do setor automotivo.

Um outro sócio de Luís Cláudio também é alvo de investigação: José Antonio Fragoas Zuffo.

O empresário do ABC é um dos parceiros comerciais do filho de Lula na ZLT 500 Sports.

Seu nome caiu no radar da Lava Jato, porque ele é dono da HZ Administração e Participações, que pagou a J Nobre Consultoria e Engenharia, segundo declaração feita Receita Federal, entre outubro de 2011 e junho de 2012, R$ 68 mil.

A JNobre foi usada pela empreiteira Andrade Gutierrez para pagar propina para o ex-presidente da Eletronuclear Othon Pinheiro da Silva, nas obras da Usina Nuclear de Angra 3.


  

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