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Catalunha declara independência, mas suspende efeito para abrir negociações com Madri
10/10/2017 - ESTADÃO + AFP, EFE E WASHINGTON POST

O presidente da autoridade da Catalunha, Carles Puigdemont, anunciou em uma sessão do Parlamento nesta terça-feira, 10, a independência da região, em desafio à Espanha, mas pediu negociações com o governo central. A separação é considerada ilegal pelo governo espanhol.

Durante o pronunciamento, Puigdemont suspendeu o efeito da própria declaração para possibilitar diálogo com Madri. "Assumo o mandato do povo da Catalunha para que seja um Estado independente. (...) Peço ao Parlamento que suspenda a declaração de independência para iniciar um diálogo nas próximas semanas", declarou o líder catalão. "Nosso governo não se distanciará da democracia."

"Nada, nem a violência, impediu o plebiscito", disse Puigdemont, que enviou seus sentimentos aos manifestantes que foram feridos durante a votação, realizada no dia 1º. Ele também ressaltou a importância de "desescalar a tensão" e não contribuir para aumentá-la, explicando que sua declaração não era por "vontade pessoal, nem obsessão, e sim pelos resultados" do pleito.


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Logo após o anúncio, o governo espanhol disse ser inadmissível que o líder catalão tenha "feito uma declaração implícita de independência para depois suspendê-la de forma explícita".

Segundo fontes ouvidas pelas agências de notícias EFE e France-Presse, Madri não validará a lei catalã de independência em razão de o processo ter sido considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional da Espanha.

EXPECTATIVA

A sessão do Paralmento catalão começou com uma hora de atraso por um pedido do próprio Puigdemont supostamente em razão de "contatos para uma mediação internacional". O governo espanhol desmentiu rapidamente essa informação, indicaram fontes da France-Presse.

"Nenhuma instituição espanhola está aberta a falar sobre o nosso futuro. (...) A relação que temos com a Espanha hoje não funciona", disse Puigdemont.

A região vive há três anos campanhas intensas pela separação e protestos nas ruas. Em meio às tentativas de Madri de barrar o movimento, a polícia da Espanha chegou a anunciar que estaria pronta fora do Parlamento para prender Puigdemont, caso ele declarasse independência. Até o começo da tarde, no entanto, a ameaça não se concretizou.

Antes do pronunciamento, o porta-voz do governo espanhol havia pedido a Puigdemont para “não fazer nada irreversível”. “Quero pedir ao senhor Puigdemont que não faça nada irreversível, que não siga nenhum caminho que não tenha volta, que não leve a cabo nenhuma declaração unilateral de independência, que volte à legalidade”, disse Íñigo Méndez de Vigo.

“A Europa já disse com toda a clareza que não aceitará uma declaração de independência da Catalunha”, afirmou ele, em referência às declarações de líderes europeus em apoio ao governo do premiê Mariano Rajoy.

A Assembleia Nacional Catalã, ONG que luta pela independência da região, havia convocado partidários da separação para que se concentrassem em frente à sede do Legislativo visando garantir que a declaração unilateral ocorresse. Nesta manhã, a polícia fechou ao público o Parque de la Ciutadella, onde fica o Parlamento regional da Catalunha, como medida de segurança.

No plebiscito do dia 1.º, segundo os resultados divulgados pelo governo catalão, 2,02 milhões de pessoas votaram a favor da independência – 90% dos 2,2 milhões dos votos. O “não” teve o respaldo de 166,5 mil eleitores. Isto quer dizer que 41,5% dos 5,3 milhões de eleitores foram às urnas. Houve denúncias de que eleitores votaram mais de uma vez, por falta de controles. A polícia subordinada a Madri reprimiu centenas de separatistas.


  

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