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Rombo da Previdência em 2017 compraria a Petrobrás
09/02/2018
- ESTADÃO CONTEÚDO

Isolado, o déficit da Previdência já revela a fragilidade das contas públicas brasileiras. Quando comparado com o valor de uma empresa, o buraco fica ainda mais preocupante.
No ano passado, o rombo previdenciário cresceu R$ 40 bilhões, alcançado R$ 268 bilhões, valor suficiente para comprar a Petrobrás, uma das maiores companhias do Brasil.
“O buraco de um ano na Previdência equivale ao da Petrobrás. O valor da empresa deve estar por aÃ, se não for mais baixo do que issoâ€, disse o secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, durante debate promovido ontem pela TV Estadão.
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Naquele momento, o valor da petroleira na Bolsa era de R$ 258 bilhões.
Com a reforma, a equipe econômica espera alcançar uma economia próxima de R$ 600 bilhões com gastos previdenciários nos próximos dez anos, sendo R$ 500 bilhões a menos em despesas com o INSS e outros R$ 87,7 bilhões nas aposentadorias do funcionalismo público federal.
O valor da economia prevista ainda pode mudar nos próximos dias, porque o governo negocia novas mudanças na proposta com o objetivo de angariar mais votos para aprovar a reforma na Câmara até o dia 28 de fevereiro.
As mudanças no sistema previdenciário são consideradas fundamentais para o acerto das contas públicas do Brasil. A expectativa é que a reforma seja suficiente para trazer um alÃvio pelos próximos dez anos.
“A reforma é uma questão inadiávelâ€, disse José Roberto Savoia, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
“Se não for feita agora, terá de ser levada adiante no próximo governo.â€
Além do acerto das contas públicas e da garantia de recursos para todas as áreas do governo, a reforma da Previdência vai trazer mais igualdade entre os trabalhadores, segundo Caetano.
“A reforma da Previdência tem outros fundamentos por trás, como a igualdade. Daqui para frente, com essa reforma aprovada, não faz mais diferença se a pessoa ocupa um cargo eletivo, ou é um funcionário público com salário mais alto ou um trabalhador do setor privadoâ€, disse o secretário.
Ele ainda citou que Brasil e Equador são os únicos paÃses das Américas sem idade mÃnima de aposentadoria e ponderou que o aumento da idade mÃnima proposta pela reforma será feito de forma gradual.
INCERTEZA
O adiamento das mudanças no sistema previdenciário – caso ocorra – deverá trazer uma série de implicações para o cenário macroeconômico brasileiro.
O mercado financeiro acompanha com atenção os passos do governo no esforço de aprovar a medida.
Em janeiro, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) voltou a rebaixar a nota do Brasil e deixou a economia brasileira três patamares abaixo do grau de investimento por causa adiamento da reforma e pela incerteza com o cenário polÃtico.
“Se a reforma da Previdência não passar, o ano tende a ser mais instávelâ€, afirmou Nelson Marconi, professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo.
Com um possÃvel desempenho fiscal “ruimâ€, ele avalia que pode ocorrer uma ampliação da avaliação negativa do PaÃs no exterior.
O professor Otto Nogami, do Insper, teme que uma piora externa prejudique o fluxo de recursos estrangeiros ao PaÃs.
“O capital estrangeiro, hoje, desempenha um papel preponderante na economia do Brasil. A não aprovação da reforma pode alterar toda a perspectiva futura da economiaâ€, alertou.
Se a dificuldade em avançar, a Previdência pode trazer algum impacto para o ingresso de capital estrangeiro na economia, uma eventual aprovação pode ser benéfica, pondera Savoia, da FEA-USP.
“O cenário de aprovação da reforma leva ao crescimento mais acelerado e vai elevar a credibilidade, provocando euforia nos mercadosâ€, disse Savoia, apontando que o preço dos ativos não está incorporando a aprovação da reformulação previdenciária.
Savoia, entretanto, chamou atenção à dificuldade de se criar um consenso sobre a Previdência e o corte de gastos no Brasil.
“NotÃcias falsas dificultaram ainda mais a percepção de necessidade da reformaâ€, disse o especialista.
O governo enfrenta dificuldades para levar adiante a reforma da Previdência.
A equipe econômica esperava aprovar a reforma até o fim do ano passado, mas não conseguiu apoio polÃtico.
A esperança agora é aprovar as alterações no sistema previdenciário até o fim deste mês.
“O momento polÃtico é muito difÃcil para conseguir uma reforma mais ousadaâ€, afirmou Marconi, da FGV.


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