Alckmin deve intervir nos maiores colégios eleitorais 22/02/2018
- Pedro Venceslau, Adriana Ferraz, Renan Truffi e Daiene Cardoso - O Estado de S.Paulo
Pré-candidato à Presidência, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vai ter a palavra final sobre as candidaturas do PSDB aos governos estaduais.
De acordo com aliados do tucano, a ideia é usar uma resolução partidária de 2014 que deu carta branca à executiva do partido para promover intervenções nos diretórios regionais quando necessário.
Naquele ano, o senador Aécio Neves (MG) era presidente do PSDB e pré-candidato ao Palácio do Planalto, assim como Alckmin agora.
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A proposta foi aprovada na época pelo diretório nacional, apesar de sofrer forte resistência interna.
A preocupação no entorno de Alckmin é que ele fique sem palanques fortes nos principais colégios eleitorais do País.
Pelo mapa atual, o PSDB não tem opções competitivas em Minas Gerais, Rio, Bahia e Pernambuco, que representam cerca de 30% do eleitorado nacional.
Por ora, o partido contabiliza 12 pré-candidaturas consideradas “consolidadas” pela cúpula tucana, mas parte delas pode acabar sendo sacrificada em nome do projeto nacional.
Alckmin tem dito a aliados que nesses casos é normal que “a ordem venha de cima”.
Potenciais aliados do PSDB na eleição presidencial de outubro, PSD, DEM, PSB e PPS devem apresentar ao governador suas listas de prioridades regionais.
Essa equação será decisiva para os tucanos.
O DEM calcula nove potenciais candidaturas estaduais, sendo Goiás, Rio, Bahia e Rio Grande do Sul as prioritárias.
A legenda pede que os tucanos apoiem Ronaldo Caiado em Goiás, César Maia no Rio, ACM Neto na Bahia e Onyx Lorenzoni no Rio Grande do Sul.
Já as conversas de Alckmin com o PSB só avançarão se o partido desistir de disputar Pernambuco, Distrito Federal e Espírito Santo para apoiar a sigla.
FATOR MINAS
Base de Aécio, que planeja disputar a reeleição, Minas Gerais é a maior preocupação dos auxiliares e estrategistas do governador paulista.
O Estado representa 10,6% do eleitorado nacional.
O PSDB caminhava para fechar uma aliança com o DEM, que deve lançar o deputado Rodrigo Pacheco ao governo do Estado.
O acordo, porém, não vingou por causa da resistência do DEM a incorporar Aécio na chapa como candidato ao Senado.
Pacheco, que vai deixar o MDB mineiro para ingressar no DEM, disse ontem que não faz objeção em apoiar a candidatura presidencial de Alckmin no Estado e que gostaria de ter em seu palanque o senador tucano Antonio Anastasia – nome que também agrada ao governador de São Paulo.
Aliados de Aécio, no entanto, ensaiam lançar um deputado federal da bancada mineira com o objetivo de marcar posição e garantir a candidatura à reeleição do senador.
Essa opção, por sua vez, desagrada a interlocutores de Alckmin.
A solução de consenso seria colocar Anastasia na disputa ao governo mineiro.
Líderes e deputados do PSDB pressionaram Anastasia, que resiste à ideia.
Em Brasília, onde passou o dia, Alckmin se reuniu com o senador mineiro e afirmou que ele é o “candidato natural” do partido ao Palácio Tiradentes, sede do governo estadual.
Minas Gerais, atualmente sob o comando do petista Fernando Pimentel, foi governada por Anastasia de 2010 a 2014.
O senador era vice de Aécio, que renunciou ao cargo para concorrer à vaga no Senado.
Alckmin disse que será o “porta-bandeira” de Anastasia, caso ele queira disputar o cargo.
“Anastasia é um quadro excepcional, une o partido e também os aliados. Se depender de mim, estarei na linha de frente, porta-bandeira do Anastasia”, afirmou o presidenciável tucano.
CONVERSAS
Alckmin teve em Brasília vários encontros ao longo do dia com senadores de Espírito Santo, Ceará, Minas Gerais e Santa Catarina.
O líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), foi um dos que discutiram sobre as eleições com o governador de São Paulo.
Também houve conversas com os senadores Tasso Jereissati (CE) e Ricardo Ferraço (ES), além de Anastasia.