Vereadora do PSOL é assassinada a tiros na região central do Rio 15/03/2018
- Luã Marinnato e Rafael Soares - EXTRA
A vereadora Marielle Franco (Psol) foi morta, na noite de ontem, a tiros na Rua Joaquim Palhares, no Estácio.
O motorista Anderson Pedro Gomes, que estava com ela, também foi morto na ação.
Ela também estava acompanhada da assessora Fernanda Chaves, que sobreviveu.
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A Polícia Civil encontrou pelo menos oito cápsulas no local.
Policiais militares no local informaram que um carro teria emparelhado com o da vereadora, e os ocupantes abriram fogo, fugindo em seguida.
De acordo com a PM, a janela à direita no banco de trás, onde estava Marielle, ficou completamente destruída.
Segundo a Delegacia de Homicídios (DH), que investiga o caso, os criminosos não levaram nada de nenhum dos ocupantes do veículo.
Pelo menos cinco tiros teriam atingido a cabeça da vereadora.
A infomação da morte da vereadora foi confirmada pelo vereador Tarcísio Motta (Psol).
Ele afirmou que "vários indícios apontam para uma execução".
No entanto, afirma que a vereadora não havia sofrido ameaças recentes.
O novo diretor da Divisão de Homícidios, Fábio Cardoso, foi para o local do crime.
— Há vários indícios que apontam para uma execução. É uma satisfação que precisamos dar para a cidade do Rio. Se houvesse ameaça, nós teríamos compartilhado esse tipo de receio. Nossos mandatos eram muito próximos — afirmou o vereador.
Marielle tinha acabado de sair de um evento chamado "Jovens Negras Movendo as Estruturas", na Lapa.
Ela foi a quinta vereadora mais votada do Rio nas eleições de 2016.
A assessora que estava no carro presta depoimento na Divisão de Homicídios.
— Estou em contato com o delegado Rivaldo Barbosa. Todas as características são de execução. Isso é muito nítido. Queremos isso apurado o mais rápido possível. Não por nós, mas pelo Rio de Janeiro. Não havia qualquer ameaça. Eu tinha contato diário com a Marielle. Trabalhou dez anos na minha equipe. Nós não temos conhecimento de nada nesse sentido. A família também não — afirmou o deputado Marcelo Freixo (Psol)
MESTRADO SOBRE UPP
A vereadora se formou pela PUC-Rio, e fez um mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com o tema: “UPP: a redução da favela a três letras”.
Marielle trabalhou em organizões como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo Freixo.
Em 2005, uma de suas amigas mais próximas morreu, vítima de bala perdida, durante um tiroteio entre policiais e traficantes na Maré.
O episódio impulsionou seu engajamento na defesa dos direitos humanos e contra ações violentas nas favelas.
Um ano depois, ela fez campanha para Marcelo Freixo se tornar deputado estadual e, desde então, é sua assessora parlamentar.
Na Zona Sul, Marielle esteve entre os cinco candidatos mais votados em quase todos os bairros (no Jardim Botânico, foi a segunda). Na zona eleitoral da Maré, foi a quinta.
O Psol soltou uma nota lamentando a morte da vereadora e exigindo apuração "imediata e rigorosa". Veja a nota completa:
"O Partido Socialismo e Liberdade vem a público manifestar seu pesar diante do assassinato da vereadora Marielle Franco. Estamos ao lado dos familiares, amigos, assessores e dirigentes partidários do PSOL/RJ nesse momento de dor e indignação. A atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será honrada na continuidade de sua luta. Exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos!"
O prefeito Marcelo Crivella (PRB) também lamentou a morte da vereadora. Ela integreva a oposição ao governo de Crivella. Veja a nota completa:
"É com profundo pesar que lamentamos o brutal assassinato da vereadora Marielle Franco cuja honradez, bravura e espírito público representavam com grandeza inigualável as virtudes da mulher carioca.
Sua trajetória exemplar de superação continuará a brilhar como uma estrela de esperança para todos que, inconformados, lutam por um Rio culto, poderoso, rico, mas, sobretudo, justo e humano.
Em cada lar uma prece, em cada olhar uma lágrima e em cada coração um voto de tristeza, dor e saudade.
É assim que hoje anoitece a cidade desolada e amargurada pela perda de sua filha inesquecível e inigualável. Que Deus a tenha!